Notícias

Cólera: impossível evitar que seja introduzido, admite Ministério da SaúdeCholera: impossible to avoid introduction, admits Health Ministry

Desde 2010, quando começaram a surgir os primeiros registros de cólera no Haiti, quase 700 mil casos e mais de oito mil óbitos foram registrados.However, the Brazilian Health Ministry defends that considering cholera’s behavior it is impossible to avoid the disease to entering an area

18/01/2014

colera-jarbas-barbosa-corpo

Considerando o comportamento do cólera é impossível impedir que ele seja introduzido em uma área, mas a propagação da doença pode ser evitada com detecção e confirmação oportuna

Desde 2010, quando começaram a surgir os primeiros registros de cólera no Haiti, quase 700 mil casos e mais de oito mil óbitos foram registrados, apenas no país. A doença, que já provou ter rápida disseminação, a exemplo da epidemia ocorrida no Brasil, na década de 90, chegou a outras nações como República Dominicana, Cuba e México. Recentemente, a matéria divulgou que advogados de Direitos Humanos representantes das vítimas da epidemia de cólera no Haiti, cujo início foi atribuído a tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), abriram processo judicial, em Nova York, no qual pleiteiam indenização da entidade.

Entretanto, o Ministério da Saúde (MS) aqui no Brasil defende que considerando o comportamento do cólera é impossível impedir que ele seja introduzido em uma área, mas a propagação da doença pode ser evitada com detecção e confirmação oportuna, seguida de resposta adequada. A pasta argumenta que a ocorrência de desastres naturais, guerras e conflitos são fatores de risco que movimentam um grande número de pessoas em condições precárias e desorganizam os serviços de saúde. Além disso, existe a vulnerabilidade das localidades com mau acesso à água de qualidade e saneamento, problemas comuns em países pobres e tropicais.

Para evitar a doença, o MS recomenda medidas de prevenção e instituição do tratamento de forma adequada. De acordo com o órgão, existe um trabalho de fortalecimento no que se refere à vigilância das Doenças Diarreicas Agudas (DDA). Para isso, aposta na monitorização destas doenças, na ampla divulgação das definições de caso suspeito, nos fluxos de notificação e no manejo clínico de pacientes.

Brasil já traça planos de contenção
Ao atentar que a propagação de cólera para quase todo o mundo deve-se a variados fatores, tais como: característica do biotipo El Tor de produzir, na maioria dos casos, infecções assintomáticas e leves, o que torna difícil identificar portadores e distinguir o cólera das outras DDAs; significativo incremento dos fluxos migratórios, de turismo e de comércio; condições precárias de saneamento, prevalentes em extensas áreas de alguns países; meios rápidos de transporte; falta de uma vacina eficaz; e grau de imunidade da população, o Ministério da Saúde já se mobiliza para que as Unidades Federadas tracem seu plano de contingência.

O secretário nacional de Vigilância em Saúde, Dr. Jarbas Barbosa, ressalta a necessidade de uma boa preparação para qualquer emergência de saúde pública, tendo em vista o compartilhamento rápido de riscos que pode ocorrer no mundo de hoje, com o incremento de viagens e comércio internacionais. “O Brasil vem adotando várias iniciativas para que o Sistema Único de Saúde (SUS) esteja bem preparado para essas situações, revisando diretrizes técnicas para o vírus de influenza A H7N9, o novo coronavírus que circula no Oriente Médio, entre outras doenças emergentes e reemergentes”, afirma.

Barbosa observa que nesse contexto também é importante estar preparado para apresentar uma reposta eficaz e oportuna na hipótese que haja algum caso detectado de cólera em turista ou migrante. “Nosso País conta com um bom sistema de vigilância de DDA. O cenário atual é muito diferente do que enfrentamos na década de 90, quando havia transmissão em larga escala. Mas precisamos revisar nossa capacidade e nos preparar”, lembra ao complementar que o trânsito de pessoas que vêm de países com a doença pode fazer com que ocorra a detecção de casos em qualquer país do mundo, inclusive no Brasil.

Cenário da doença
O Brasil apresentou os últimos registros de cólera em 2005, quando foram identificados cinco autóctones em Pernambuco. Nos últimos oito anos não foram detectados casos autóctones da doença no País. Em 2011 e 2012, foram notificados dois importados, sendo um procedente de viagem da Angola e outro da República Dominicana.

No Haiti, do início da epidemia, em 2010, até 17 de outubro de 2013, foram registrados 684.085 casos e 8.361 foram a óbito. Em 2013, os números foram superiores ao registrado no mesmo período de 2012.

Em Cuba, da semana epidemiológica (SE) 27 de 2012 até a SE 34 de 2013, foram registrados 678 casos e três óbitos. Vale ressaltar que 12 dos confirmados eram de viajantes procedentes da Alemanha, Chile, Espanha, Holanda, Itália e Venezuela.

Na República Dominicana, foram constatados, de novembro de 2010 até a SE 41 de 2013, 31.090 casos e 458 óbitos. Durante a SE 41, 17 províncias apresentaram registros, havendo concentração em Puerta Plata, Sana Juan e Santo Domingo.

No México, de agosto de 2013 até 25 de outubro, foram confirmados 176 casos de infecção autóctone por Vibrio cholerae O1 Ogawa toxigênico e um óbito. Eles se concentraram na região de Hidalgo (157), embora haja casos na Cidade do México, nos estados de San Luis Potosi, México e Veracruz.

Considering

Considering cholera’s behavior it is impossible to avoid the disease to entering an area, but the propagation can be prevented with opportune detection and confirmation

However, the Brazilian Health Ministry defends that considering cholera’s behavior it is impossible to avoid the disease to entering an area, but the propagation can be prevented with opportune detection and confirmation, followed by adequate responses. The office argues that natural disasters, wars and conflicts are risk factors that mobilize a great number of people in precarious conditions and disorganize the health services. Besides this, there is a local vulnerability, with poor access to quality water and sewerage, problems common to tropical countries.

To avoid the disease, the Health Ministry recommends preventive actions and adequate treatment instruction. According to the office, there is a strengthening work regarding Acute Diarrheic Diseases (ADD) surveillance. For this, bets in monitoring these diseases, widely noticing suspicious cases, the notification flows and patient clinical handling.

Brazil already outlines contention plans
When noticing cholera propagation to almost all over the world is due to several factors, such as: characteristic of El Tor biotype to produce, in most cases, asymptomatic and light infections, what hinders the carriers identification and distinguishing the cholera from other ADDs; significant migration flows increase, of tourism and commerce; precarious sanitation conditions, prevalent in vast areas in some countries; fast means of transport; absence of an effective vaccine; and population’s immunity level. The Health Ministry is already mobilizing so the Federate Units trace their contingency plans.

The national secretary for Health Surveillance, Dr. Jarbas Barbosa, points the need of good preparation for any public health emergency, since nowadays the risk sharing is much faster, with international travel and commerce. “Brazil has been adopting measures so the Unified Health System (SUS) is well prepared for these situations, revising technical guidelines for the influenza A H7N9 virus, the new coronavirus circulating in the Middle East, among other emerging and reemerging diseases”, affirms.

Barbosa observes that in this context it is important to be prepared to present an effective and opportune response under the hypothesis that a cholera case is detected in a tourist of migrant. “Our country has a good ADD surveillance system. The current scenario is much different than what we faced in the 90’s, when we had large scale transmission. But we must revise our capacity and prepare ourselves”, reminds while complementing that the transit of people coming from countries with the disease can make cases detection to occur in any country of the world, including Brazil.

The disease’s scenario
Brazil registered the last cholera cases in 2005, when five autochthonous were identified in Pernambuco. For the last 8 years no autochthonous were detected in the country. In 2011 and 2012, two imported were noticed, being one from a trip to Angola and other from the Dominican Republic.

In Haiti, since the beginning of the epidemic in 2010, until October 17th 2013, 684.085 cases were registered and 8,361 people died. In 2013 the numbers were even higher than the registered in 2012.

In Cuba, since the 27th Epidemiologic Week (SE) of 2012 until the 34th of 2013, 678 cases were registered, including three deaths. It is worth pointing that 12 of these cases were in travelers from Germany, Chile, Spain, Netherlands, Italy and Venezuela.

In the Dominican Republic, from November 2010 to the 41st SE of 2013, 31,090 cases and 458 deaths were registered, with a concentration in Puerta Plata, Sana Juan and Santo Domingo.

In Mexico, from August 2013 until October 25th, 176 cases of autochthonous toxigenic Vibrio cholerae O1 Ogawa were confirmed with one death. They were concentrated in the Hidalgo region (157), although there were cases in Mexico City, in the states of San Luis Potosi, Mexico and Veracruz.