
Nota da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical sobre a manifestação da União de Mães de Anjos (UMA) no seu 54º Congresso – MedTrop2018
A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) (http://www.sbmt.org.br/portal/) durante o seu 54º Congresso ocorrido em Recife-Pernambuco (http://www.medtrop2018.com.br/index.php) de 02 a 05 de setembro de 2018, com atividades pré-congresso nos dias 31 de agosto e 01 e 02 de setembro, acolheu respeitosamente a carta elaborada pela União de Mães de Anjos (UMA) a nós encaminhada (https://en.sbmt.org.br/wp-content/uploads/2018/09/carta-UMA.pdf) e que […]
07/10/2018A Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) (http://www.sbmt.org.br/
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- Ao contrário do que diz a Nota da UMA, nem os membros da comissão organizadora, nem os membros da comissão científica local de Pernambuco foram contatados pela Sra. Germana ou outra representação da UMA sobre a possibilidade de participação da entidade no congresso, ao longo de todo o processo de trabalho;
- Além da improcedência desta acusação, a nota direcionada à comissão organizadora do congresso reveste-se de um tom desnecessariamente agressivo, remetendo-se à uma suposta atitude discriminatória de nossa sociedade, o que vai de total afronta ao que a SBMT vem desenvolvendo ao longo de seis décadas de atuação junto à sociedade brasileira, ao abordar em seus congressos, reuniões de pesquisa aplicada e outros eventos, estudos desenvolvidos e em andamento sobre as doenças endêmicas transmissíveis no País, na busca de soluções e avanços para a redução de seus danos, com especial ênfase às doenças endêmicas prevalentes em populações negligenciadas, possibilitando a interação da comunidade científica brasileira e internacional com profissionais de saúde, gestores (em particular da vigilância em saúde), e sociedade em geral;
- Reconhecemos ter havido uma falha de nossa parte ao não ter aberto previamente, quando do planejamento da programação cientifica, um espaço para que a UMA estivesse presente, interagindo e apresentando as perspectivas em andamento para a população atingida, um dos compromissos históricos da SBMT ao congregar os esforços de pesquisa, ensino, atenção e extensão junto à sociedade. Nossa sociedade quer não apenas contribuir para respostas do Brasil a problemas de saúde pública, mas para que os sentidos de movimentos sociais gerem empoderamento das pessoas que vivenciam no cotidiano estes problemas, direta ou indiretamente. Nossa missão inclui o enfrentamento de diferentes espectros de negligência, o que necessariamente contempla todas as pessoas. Portanto, pedimos desculpas e que esta falha não seja interpretada, equivocadamente, como não valorização, insensibilidade ou desrespeito;
- Contamos sempre com a parceria e colaboração de entidades representativas de pessoas vivendo com estas doenças que são alvo de nossa ação, como a UMA, e entendemos essa legítima manifestação como uma avaliação importante para resgatarmos SEMPRE a dimensão de participação das pessoas que convivem com estas doenças nas atividades dos congressos anuais. A expressão plena de nosso sincero respeito é termos evoluído desde os anos 1960 para um referencial consonante com o olhar de Paulo Freire, quando diz que “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes”. Nesta diversidade, estamos juntos nas lutas em defesa dos direitos humanos e sociais, e em particular, do direito à saúde, a ser expresso em plenitude na busca pelo fortalecimento do nosso Sistema Único de Saúde (SUS).
- A SBMT tem ao longo dos últimos três congressos anuais aberto sistematicamente amplo espaço para a voz das pessoas convivendo com doenças infecciosas negligenciadas. Apoiamos a realização em Recife no dia 01 e setembro de 2018, no âmbito do MedTrop2018, a realização do 3º Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas (http://www.medtrop2018.com.
br/texto.php?t=forum-doencas), abrindo condições para realização e um amplo espaço de divulgação. As conclusões deste importante Fórum (http://forumnegligenciadas. org/) foram apresentadas na sessão de abertura do congresso no dia 02 de setembro, com ampla divulgação em nossas mídias (http://www.sbmt.org.br/ portal/forum-social-de- enfrentamento-de-doencas- infecciosas-e-negligenciadas/) . Ressaltamos que desde a primeira edição deste importante Fórum, a SBMT tem se colocado como parceira nesta construção. - De forma a reiterar nosso compromisso, em nossa Assembleia ocorrida no dia 03 de setembro, deliberamos pelo apoio no MedTrop 2019 ao 4º Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas. A SBMT envidará os esforços necessários para a realização deste Fórum assim como para a participação de representações das pessoas que convivem com doenças negligenciadas nos espaços dos eventos que estarão ocorrendo no MedTrop2019. Desde já a SBMT assume aqui também o compromisso de encaminhar esta demanda ao Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas e de garantir a participação de representações da UMA em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde será realizado o próximo congresso.
Em tempos de crise político-econômica-
Unidos, somos mais fortes, tecendo dias melhores…
Tecendo a Manhã (João Cabral de Melo)
“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Recife, 06 de setembro de 2018
Sinval Pinto Brandão Filho,
Presidente da SBMT
Presidente do MEDTROP 2018
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