Notícias

Casos de coqueluche registram aumento de quase 140% Pertussis cases increase almost 140%

08/05/2013

Casos

No Brasil, os lactentes, sem idade ainda para que tenham recebido o esquema vacinal completo, têm sido os mais afetados. Essa também é a faixa etária com maior risco de agravamento

A coqueluche, doença que tinha incidência decrescente desde 1990, teve aumento de 138% no número de casos em 2012. Segundo estudiosos, ainda não foi possível concluir as causas desse aumento, mas desde 2010 mais casos vêm sendo registrados também nos Estados Unidos e na Europa e, com a circulação de turistas, a bactéria tende a se espalhar. No Brasil, ao todo, 5.376 pacientes tiveram a doença confirmada ano passado, com 83 mortes, segundo dados registrados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde (MS).

Desde meados de 2011, a partir da Semana Epidemiológica 30/2011, a área técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) diz ter observado um aumento de casos de coqueluche no Brasil. “Desde então os números confirmados da doença vem ultrapassando o limite superior da curva endêmica do diagrama de controle. No Brasil, em 2012, o número de casos de coqueluche por Semana Epidemiológica manteve-se acima do esperado”, afirma o diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (Devit/MS), Dr. Cláudio Maierovitch.

As razões para o crescimento de registros de coqueluche não são facilmente identificadas, segundo Dr. Maierovitch. Ele explica que a elevação pode ser atribuída a fatores variados. “O aumento da sensibilidade da vigilância epidemiológica, falhas de proteção imunológica da população (decorrentes das características da vacina), perda da imunidade, mudança de características antigênicas das cepas de B. pertussis circulante”, cita o especialista ao adiantar que existem outros. Ele lembra que em populações aglomeradas – condição que facilita a transmissão – a incidência da coqueluche pode ser maior na primavera e no verão, porém nas dispersas nem sempre existe esta sazonalidade.

O maior número de casos notificados e confirmados da doença está concentrado na Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo). Esses estados correspondem a aproximadamente 73% do total de casos notificados e 75% dos confirmados, no País. Entretanto, o diretor do Devit assegura que não é possível antecipar, com os conhecimentos atuais, as causas da doença nessas regiões.

Coqueluche atinge EUA e Europa
“Apesar da implementação das políticas de imunização solidificadas há décadas, a coqueluche representa um crescente problema em países desenvolvidos”, salienta Dr. Maierovitch ao assinalar que em vários do mundo (Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, por exemplo) observou-se, nos últimos anos, aumento de incidência em todos os estratos etários. “O número de doentes vem crescendo e, nos EUA, ela é considerada uma doença endêmica, com um aumento de casos em adolescentes e adultos jovens”, realça o especialista.

No Brasil, do total de casos confirmados, nos últimos anos, cerca de 65% são em crianças com menos de um ano de idade. Destes, 90% têm menos de seis meses. Esse grupo, conforme relata o especialista, é o mais suscetível à doença, pois não recebeu o esquema completo da vacinação (pelo menos três doses da pentavalente), como preconizado pelo Ministério da Saúde.

Segundo dados do Sinan, em 2012, do total de casos confirmados, cerca de 60% estavam devidamente vacinados para a faixa etária correspondente; aproximadamente 20% não apresentaram informação vacinal; e apenas 10% dos casos com idade de dois meses ou mais que nunca foram vacinados.

Vacinar gestantes
Está prevista, ainda para este ano, pelo Ministério da Saúde, a vacinação de gestantes – já que bebês só podem receber a vacina depois de dois meses. A expectativa é imunizar mulheres grávidas e, com isso, possibilitar que os filhos já nasçam com anticorpos contra a doença.

“No Brasil, os lactentes, sem idade ainda para que tenham recebido o esquema vacinal completo, têm sido os mais afetados pelo aumento. Essa também é a faixa etária com maior risco de agravamento”, ressalta o especialista.

Vacina de baixa proteção
A coqueluche é uma doença imunoprevenível, no entanto, a eficácia da vacina DTP varia de acordo com o componente, a saber: 80% a 90% para difteria; 75% a 80% para pertussis e 99% para tétano. “A imunidade conferida pela vacina não é permanente e decresce com o tempo. Em média, de 5 a 10 anos após a última dose da vacina, a proteção pode ser pequena ou nenhuma”, reconhece Dr. Maierovitch.

A estratégia de prevenção da coqueluche, atualmente, é baseada na imunização de crianças. São três doses da vacina pentavalente, aplicada desde os dois meses de idade. A última dose é tomada aos oito meses.

Tratamento
De acordo com o diretor do Devit, no final de 2012, ficou definido, em reunião com o grupo técnico assessor da coqueluche, o uso da azitromicina como droga de escolha, tanto para o tratamento como para a quimioprofilaxia da doença. “A eritromicina ainda pode ser usada, porém sendo contra-indiciada para crianças com menos de um mês e nas situações onde haja intolerância ou dificuldade de adesão”, destaca.

Casos

In Brazil, infants too young to receive the complete vaccine schedule have been the most affected. This is also the age group most at risk of harm

Pertussis, a disease that has decreased in incidence since 1990, jumped by 138% (in terms of the number of cases) in 2012. According to scholars, it has not yet been possible to conclude the causes of this increase, but since 2010 more cases have been registered in the United States and also in Europe and, with the movement of tourists, the bacteria tend to spread. In Brazil, 5,376 patients were confirmed with the disease last year, with 83 deaths, according to data recorded in the Ministry of Health’s National System of Notifiable Diseases (Sinan).

Since mid-2011, after the Epidemiological Week 30/2011, the technical department of the Secretariat of Health Surveillance (SVS/MS) says it has seen an increase in cases of pertussis in Brazil. “Since then the confirmed numbers of the disease have been surpassing the upper limit of the endemic curve of the control diagram. In Brazil, in 2012, the number of pertussis cases remained higher than expected”, says the director of the Department of Transmissible Disease Surveillance (Devit/MS), Dr. Cláudio Maierovitch.

The reasons for the growth of pertussis cases are not easily identified, according to Dr. Maierovitch. He explains that the increase can be attributed to various factors. “The increased sensitivity of surveillance, failures in immunological protection of the population (resulting from the characteristics of the vaccine), loss of immunity, change of antigenic characteristics of circulating strains of B. Pertussis”, cites the expert, as well as adding there may be other reasons. He recalls that in crowded populations – a condition that facilitates the transmission – the incidence of pertussis may be higher in the spring and summer, while in dispersed populations this seasonality does not always occur.

The largest number of cases reported and confirmed is concentrated in the South (Paraná, Santa Catarina and Rio Grande do Sul) and Southeast (São Paulo, Minas Gerais and Espírito Santo). These states account for approximately 73% of reported cases and 75% of confirmed ones, in the country. However, the director of Devit ensures that it is not possible to predict, with current knowledge, the causes of disease in these regions.

Whooping cough affects U.S. and Europe
“Despite the implementation of solidified immunization policies decades ago, pertussis is a growing problem in developed countries”, says Dr. Maierovitch. He says that many countries (United States, England and Australia, for example) have recently seen an increased incidence in all age groups. “The number of patients is growing, and in the USA, it is considered an endemic disease, with an increase of cases in adolescents and young adults”, notes the expert.

In Brazil, of the total number of confirmed cases, in recent years, about 65% are in children under one year of age. Of these, 90% are less than six months. This group, as reported by the expert, is most susceptible to disease because they did not receive the full vaccination scheme (at least three doses of pentavalent), as recommended by the Ministry of Health.

According to data from Sinan, in 2012, of the total of confirmed cases, 60% were fully vaccinated for the corresponding age group; approximately 20% had no vaccination information; and only 10% of cases aged two months were never vaccinated.

Vaccinating pregnant women
This year the Ministry of Health plans to vaccinate pregnant women – since babies can only receive the vaccine after two months. The expectation is to immunize pregnant women and, therefore, enable children to be born with antibodies against the disease.

“In Brazil, infants too young to have received the complete vaccine schedule have been the most affected by the increase. This is also the age group most at risk of harm”, says the expert.

Low protection vaccine
Pertussis is a preventable disease, however, the DTP vaccine efficacy varies according to the component, as follows: 80% to 90% for diphtheria; 75% to 80% for pertussis and 99% for tetanus. “The immunity conferred by the vaccine is not permanent and decreases with time. On average, at 5-10 years after the last dose of vaccine, the protection may be little or none”, acknowledges Dr. Maierovitch.

The strategy to prevent pertussis is currently based on the immunization of children. There are three doses of pentavalent vaccine, applied from two months of age. The last dose is taken at eight months.

Treatment
According to the director of Devit, in late 2012, it was decided at a meeting with the technical advisory group on pertussis that azithromycin would be the drug of choice, both for treatment and for chemoprophylaxis of the disease. “Erythromycin can still be used, but is contraindicated for children less than a month and in situations where there is intolerance or difficulty of compliance”, he says.