Notícias

Mudanças climáticas podem agravar doenças nos trópicos: ecologia e economia são principais determinantesClimate changes ca

11/11/2013

Climate

O impacto do clima na agricultura será uma questão importante, além do risco de desnutrição o problema econômico aumentará

 

As variações nos padrões de temperaturas podem afetar as condições de vida dos humanos. A mudança climática pode afetar as provisões de comida e água em algumas regiões, e contribuir na propagação de doenças infecciosas, aponta o estudo publicado na edição mais recente da revista Nature e na mídia.

Em entrevista à SBMT, Dr. Jean-Paul Gonzalez, médico com especializações em virologia, epidemiologia, evolução e ecologia da saúde – que atuou como professor de Epidemiologia e Saúde Pública da Escola de Medicina de Yale e de Microbiologia na Mahidol University (Bangkok, Tailândia) e financiou um Centro de Pesquisa para doenças virais emergentes – fala sobre os efeitos das mudanças climáticas. Ele explica que os trópicos, além da grande variedade de micróbios, vetores, hospedeiros naturais do vírus, reservatórios etc, a pobreza também aparece como um fator de aparecimento e propagação de doenças, eventualmente, impulsionado por outros fatores como a desnutrição, higiene, conflitos e violência, além da promiscuidade, as quais prejudicando o sistema de saúde.

SBMT: Estudo publicado na edição mais recente da revista Nature aponta que os efeitos mais graves da mudança climática serão percebidos antes nas regiões tropicais do planeta na metade deste século. Como as variações nos padrões de temperaturas podem afetar as nossas condições de vida? 

JPG: 400 anos da era presente já era sabido, com as primeiras escritas de Hipócrates “Em Ares, Águas e Lugares” que, fatores ambientais (inclusive clima, entre outros) são de extrema importância para a saúde humana. Portanto, entre eles, o clima é um dos maiores responsáveis pelo surgimento e disseminação de doenças. Também, em relação à latitude (do Equador aos Polos), ambientes humanos locais (por exemplo, imunidade de rebanhos, rural versus urbano, etc.) e ambientes naturais (por exemplo, altitude, interior, costa), pode-se descrever diversos climas originais (por exemplo, tropical, subtropical, polar, montanhoso, temperado, etc.) que tem fundamental impacto no aparecimento, ressurgimento e transmissão de doenças, e também em doenças metabólicas, sistêmicas e degenerativas. Clima e saúde importam, inclusive, influenza, dengue, cólera, febre amarela, Chikungunya, Febre do Nilo, encefalite japonesa, tem suas sazonalidades definidas estritamente pela temperatura e pluviosidade.

Além disso, já era sabido também, que as regiões intertropiciais abrigam a maior diversidade de espécies animais ou vegetais que se tem conhecimento. De fato, o mesmo é valido para grandes animais como mamíferos ou répteis, e também é verdade para os microorganismos. Como exemplo, diversas bactérias têm uma variedade de espécies (ou subespécies) que variam de altamente sensíveis a altamente resistente a variações térmicas.

Quanto aos trópicos, além da grande variedade de micróbios, vetores, hospedeiros naturais, reservatórios de vírus etc, a pobreza também aparece como fator de aparecimento e propagação de doenças, eventualmente potencializada por outros fatores – Eu diria co-fatores – como desnutrição, higiene, conflitos, violência e promiscuidade prejudicando o sistema de saúde. Finalmente, qualquer mudança ambiental, como o clima, forçará uma população, sensu lato (humana ou animal) a se adaptar, e os micróbios a se adaptarem para sobreviver. Dados esses fundamentos, como biodiversidade (micróbios) e pobreza (vulnerabilidade), as zonas tropicais serão as primeiras a sentirem as mudanças climáticas.

Apesar de os trópicos estarem mais expostos devido aos germes e sua incontável variedade de hospedeiros e vetores, fatores políticos e socioeconômicos (instabilidade política, conflitos), existe uma grande dúvida em quão rapidamente o clima irá mudar. Em um futuro próximo, doenças serão mais influenciadas por mudanças nas políticas de saúde pública, desafios socioeconômicos e doenças emergentes associadas a fatores humanos do que influências climáticas, a exemplo do clima.

SBMT: A mudança climática pode contribuir na propagação de doenças infecciosas, uma vez que diversas doenças, principalmente as transmitidas por vetores, são limitadas por variáveis ambientais como temperatura, umidade, padrões de uso do solo e de vegetação. A avaliação dos possíveis impactos dos processos de mudanças globais sobre a saúde pode ser uma solução?

JPG: Sim. Nós devemos avaliar todos os fatores envolvidos na mudança climática e seus impactos na saúde. Nós conhecemos muitos deles, e temos métodos para antecipar o surgimento e propagação e desenvolver modelos para controle e prevenção de doenças associadas ou não a mudanças climáticas. Diversas doenças são exemplares por serem fortemente dependentes do clima (estações do ano). Diversas doenças transmitidas por artrópodes estão entre elas.

Há um ano, eu defini o risco de surgimento de uma doença como “fundamentos e domínios de surgimento”, considerando de um lado, “fundamentos” como o risco dado em um período de tempo (dimensão temporal) e combinando “risco e vulnerabilidade”, e de outro lado, “domínios” como distribuição (potencial ou provada) geográfica (dimensão espacial) das doenças. É uma equação simples para a doença surgir: unam-se os fundamentos (risco, fatores, hospedeiro, patógeno, transmissão) em um dado período e lugar, e multiplique-os pela magnitude (geografia) de um domínio permissivo (populações não imunes, transporte, barreiras naturais ou artificiais).

Doenças dependentes do clima também são exemplares para o estudo que visa compreender o impacto dos fatores climáticos (temperatura, umidade) na saúde. Como exemplo – você mencionou as doenças transmitidas por vetores (mosquito ou carrapato) – doenças transmitidas por vetores (artrópodes) são totalmente dependentes do clima por que os vetores são altamente sensíveis à umidade (pluviosidade e temperatura).  Quando tais mecanismos são bem conhecidos, o controle e a prevenção podem ser obtidos – juntamente com políticas de saúde, como reduzindo os locais de reprodução dos vetores da dengue antes da primeira chuva, cortar a grama, tratamento de animais domésticos para eliminar o risco de picada de carrapatos em humanos (Febre Hemorrágica da Criméia e do Congo, Febre Hemorrágica de Omsk). Além disso, outras doenças transmitidas por vetores (roedores, morcegos, etc.) são dependentes do clima, mas indiretamente: a influência do clima sobre a abundância de alimentos, fontes de subsistência (lavouras, frutas, insetos, etc.). Como se pode perceber, além da biodiversidade do hospedeiro, nós devemos estudar o ciclo natural da biodiversidade de diferentes patógenos. Adquirir conhecimento é a única solução compulsória.

SBMT: É sabido que o aquecimento global pode afetar as doenças tropicais. Como e quais medidas preventivas poderiam ser implementadas para diminuir a incidência de doenças?

JPG: Sondagem e Pesquisa são as únicas matérias bipolares essenciais para se compreender a evolução de doenças em escalas local e global. É uma questão de conhecimento e de empenho financeiro e ideológico de nossa sociedade/política, que devem realmente se empenharem em sondagem e pesquisa para o bem estar de todos. De qualquer maneira, será mais por uma questão de boa vontade que conseguiremos combater o surgimento e a propagação inesperada de doenças. Para isso, conforme foi dito acima, precisamos conhecer as doenças que circulam atualmente (ou seja, os ciclos naturais dos germes), aqueles, que são ameaças potenciais para a população. Estejam prontos!

SBMT: As doenças transmitidas por vetores, mais frequentes nos países de clima tropical, aparecem como um dos principais problemas de saúde pública que podem decorrer do aquecimento global. O que pode ser feito para evitar que isso ocorra?

JPG: Sondagem e pesquisa. Novamente, por anos as doenças transmitidas por vetores foram negligenciadas, e adquirir conhecimento é essencial para compreender tais doenças complexas que envolvem múltiplos hospedeiros, barreiras permanentes de transgressão das espécies por germes, múltiplos padrões epidemiológicos dependendo dos ambientes humano e natural. De fato, padrões epidemiológicos estão mudando com o ambiente (por exemplo, a dengue, de rural para urbana, encefalite japonesa, de aves para porcos como principais hospedeiros. Os vírus da SRA e vírus Nipah, uma vez que os morcegos são os vetores) e nossas sociedades (por exemplo, Febre do Vale do Nilo ou encefalite SRA e intercâmbios internacionais; doença de Lyme e conservação de vida selvagem ou atividades recreativas) em evolução constante.

Também, temos que pensar em termos de biossegurança, o surgimento de uma nova doença em uma população ou em um novo ambiente (ou ambiente em mudança) estão afligindo toda a estrutura da população e da sociedade, além das perdas humanas, a economia é frequentemente perturbada, e relações locais e internacionais são prejudicadas, e o desequilíbrio social e econômico ocorre. Tudo é verdade em nível global, para qualquer sociedade em qualquer latitude. Ultimamente, mudança climática é uma preocupação global, pois o que acontecer nas baixas latitudes, afetará diretamente (migrações) ou indiretamente (economia) as altas latitudes na zona do Paleártico (temperado). Nós, cientistas a serviço da saúde, temos que compreender já o potencial de impacto do clima nas zonas tropicais, a fim de reduzir seu impacto e prever/prevenir futuras expansões potenciais de doenças para as zonas temperadas.

SBMT: Com relação às doenças tropicais não-infecciosas nas cidades tropicais, a exemplo dos desmoronamentos, inundações, entre outras, o aquecimento global deve agravar essa situação. Quais políticas públicas podem ser adotadas a partir de agora?

JPG: Novamente, Sondagem e Pesquisa! Temos que compreender nossos ambientes para podermos antecipar qualquer mudança e suas consequências para a saúde. Um conhecimento gigantesco já foi construído em relação a isso (por exemplo, o efeito do desmatamento, mineração, indústrias extrativistas, represas e ferrovias, eventos climáticos extremos, etc.), mas a falta de comunicação tem sido fonte de ignorância, desentendimento e fracassos (como a Represa de Assuã e a Bilharzia; Katrina e o surgimento de bactérias patogênicas de água salgada). Cientistas têm que se comunicar com a população e com a política, para que as pessoas estejam cientes dos riscos e os políticos saberem como mitigar os riscos.

SBMT: Desde o El Niño, epidemiologistas e entomologistas começaram a dar atenção especial aos impactos dos grandes fenômenos climáticos sobre a saúde quando epidemias importantes de malária foram registradas em vários lugares do mundo, como no Paquistão, Sri Lanca, Vietnã e em diversos países endêmicos da África e da América Latina. Em sua opinião, há possibilidade de passarmos por outro fenômeno que desencadeie uma nova epidemia?

JPG: O El Niño deve ser considerado um fenômeno supra-sazonal, e assim como acontece com as estações e os climas, diversas doenças dependem dele, às vezes diretamente, como os locais de reprodução do mosquito da dengue no sudeste da Ásia ou a febre amarela na África), e às vezes indiretamente, como a cólera, correntes de afloramento, temperatura do mar e plâncton na costa do Peru. Surgimento do virus Nipah, levado do Borneo para a Malásia por morcegos após o “super” El Niño de 1998 seguido da seca e grandes incêndios florestais no Borneo). Monitorar o clima em escala global é indubitavelmente importante para prever o surgimento ou a propagação de qualquer doença dependente do clima. Eventos climáticos extremos são exemplares para se estudar e se compreender a fim de antecipar e prevenir qualquer ameaça inesperada à saúde.

SBMT: Maior vulnerabilidade de imunobiológicos – como as vacinas; maior dificuldade de conservação de alimentos e maior irradiação ultravioleta – câncer de pele – são alguns dos efeitos sobre a saúde provocados pelas elevadas temperaturas. Em sua opinião, o que se pode esperar para um futuro próximo com relação a esses efeitos?

JPG: Quando falamos em “aquecimento global”, estamos falando do aumento de um ou dois graus Celsius em várias décadas, e que não alterarão as tecnologias em uso para preservação a frio. Também, a necessária cadeia fria de campanhas de imunização são cada vez mais respeitadas, pelo menos é bem sabido que a temperatura deve ser precisamente monitorada para manter a vacina (e outras drogas) eficazes. Alguns graus não irão alterar o manejo das cadeias de frio. A radiação ultravioleta não penetra grossos frascos de plástico ou vidro. A radiação ultravioleta é uma preocupação maior com pessoas – pescadores – vivendo em regiões próximas aos trópicos, onde a radiação incide mais diretamente (penetração atmosférica) do que em latitudes mais temperadas.

SBMT: Uma vez que os trópicos devem abrigam a maior parte da população mundial por volta de 2050 e contribuem significativamente para o abastecimento alimentar global, corremos o risco de não termos alimentos no futuro? Diante dessa situação, como o senhor vê a propagação de doenças não-transmissíveis, que incluem a desnutrição e as doenças mentais? Quais medidas poderiam ser adotadas para minimizar os riscos?

JPG: Sim, o impacto do clima na agricultura (como nas fontes alimentícias) será um tema importante, além do risco de desnutrição, um problema econômico surgirá. Quanto às outras perguntas, esta também é complexa e a equação exige múltiplas variáveis: taxa de crescimento demográfico, fornecimento de alimentos versus urbanização, transporte, energia, acesso a serviços de saúde são todos desafios majoritários para um futuro bem próximo. Como minimizar isso? Poucas palavras: preocupação mundial, solidariedade, planejamento do futuro das sociedades e mudança de comportamento.

SBMT: O senhor acredita que os conflitos causados pela ampliação de áreas secas levando a disputas de terras e à violência, além da migração forçada destas populações para cidades já saturadas de favelas – fato que já ocorre na África – estejam ligados ao aquecimento global? Quais as conseqüências disso?

JPG: Já foi utilizado o termo “refúgio climático” para pessoas que abandonaram suas moradias originais por conta de colheitas fracas por conta de secas ou empobrecimento do solo por superexploração. Mas isso é sabido: é sazonal e ultimamente não tem sido associado a um suposto “aquecimento global”. Hoje é consenso entre especialistas abandonar o termo “aquecimento global” e continuar com o conceito de “mudança climática”, uma vez que a temperatura da Terra pode eventualmente, a níveis globais, oscilar, mas o importante para a humanidade e para a saúde, é que qualquer mudança climática (zonas tropicais); enquanto, em alguns lugares, o aumento de um grau, ou um mês de seca a mais, podem ter consequencias dramáticas para a transmissão de doenças por vetores ou para a lavoura. Entretanto, em latitudes maiores, o prejuízo seria compensado com um sistema de saúde eficiente e fornecimento de alimentos.

SBMT: O Nordeste do Brasil é sujeito a secas e concentra a maior parte da violência política. É possível que a violência política também tenha relação com o aquecimento global?

JPG: Novamente, o termo “aquecimento global” deve ser utilizado com cautela. Mudanças climáticas não podem afetar diretamente a violência política, contudo, podem desempenhar um papel fundamental na economia (desemprego, câmbio, suprimentos, etc.) e ultimamente, no seu alter ego social correspondente: a política. A violência surge da desigualdade, e o desequilíbrio climático pode definitivamente perturbar a sociedade.

SBMT: Para encerrar, gostaria que o senhor falasse um pouco sobre seu trabalho e suas experiências.

JPG: Após passar um tempo como pesquisador em países em desenvolvimento pelo Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento com a finalidade de treinar cientistas ao fazer pesquisa e de ajudar países em desenvolvimento a adquirir conhecimento e propriedade intelectual (como na saúde). Ultimamente eu me juntei à Metabiota, companhia norte americana que me permite aplicar toda minha experiência e conhecimento para treinar e ensinar técnicas e estratégias de engenharia para melhorar a Saúde em países em desenvolvimento. O principal objetivo das pessoas envolvidas em tratamento de saúde em todos os níveis é muito simples: “como e por que as pessoas adoecem?”, uma pergunta simples que tem sido respondida para diversas doenças e outras situações patológicas, mas que necessita de uma visão global em termos de compreender o mecanismo de doenças emergentes em diferentes partes do mundo, sociedades, ambientes, ecossistemas. Tal abordagem também precisa ser uma preocupação global, onde agentes de saúde e cientistas possam trabalhar sem fronteiras, como as incessantes epidemias globais, que nada declaram às alfândegas.

Climate

The impact of the climate on agriculture will be an important issue, beside the risk of malnutrition (or denutrition) economical problem will rise

 

The variations in temperature patterns can affect human life conditions. The climate change can affect food and water provisions in some regions, and contribute to infectious diseases propagation, points the study published in Nature’s latest edition and in the media.

Interviewed by the BSTM, Dr. Jean-Paul Gonzales, a doctor speciallized in health virology, epidemiology, evolution and ecology – former professor of Epidemiology and Public Health from the Yale Medical School and of Microbiology at the Mahidol University (Bangcock, Thailand) and financed a Research Center for emerging viral diseases – talks about the effects of climate changes. He explains that in the tropics, besides the great variety of microbes, vectors, virus’ natural hosts, reservoirs, etc, poverty also appears as a disease emergence and propagation factor, boosted by other factors such as malnutrition, hygiene, conflicts and violence, besides promiscuity, that have been injuring the health system.

BSTM: A study published in Nature’s latest edition shows that the most severe effects of climate shifting will be observed in the tropical regions In the middle of this century. How can our life conditions be impacted by temperature pattern shifting?

JPG: It is known, since 400 years before the present era, with the first writings of Hippocrates “On Airs, Waters, and Places” that, environmental factors (including Climate among others) are of extreme importance on human health. Therefore, among them, climate is one of the major players responsible of disease emergence and spread. Also, with respect to the latitude (from Equator to Poles), local human environment (i.e.: herd immunity, rural versus urban, etc.) and, natural environment (i.e.: altitude, inland, coastal), one can describe several original climates (eg.: tropical, subtropical, polar, mountainous, temperate, etc.) which have a main impact on infectious diseases emergence, re-emergence and transmission and, also, on metabolic, systemic and degenerative diseases. Climate and health, matter; indeed, influenza, dengue, cholera, yellow fever, Chikungunya, west Nile, Japanese encephalitis, have a marked seasonality strictly depending on temperature and rainfall.

Moreover, it is well known that inter-tropical region hosts the largest biodiversity, so, as for large animal such biodiversity applied to microorganism which can generally adapt to any type of environmental changes. As said by Alan Grant, the paleontologist of the “Jurassic park” story: “Life found a way”. If climate changes, micro-organisms will found their way to survive, we know that, bacteria adapt to temperature, mosquitoes (vector of malaria or dengue) adapt to water and seasons, rats adapt to crop harvest and climate, bats adapt to the season or flue away and migrate, virus mutate when needed and jump from one to another more abundant and permissive host during the season of reproduction, etc.

For the tropics, beside the great variety of microbes, vectors, natural hosts, virus reservoirs etc., poverty also appears as a factor of disease emergence and spread, eventually boosted by other factors – I will said co-factors – as for malnutrition, denutrition, hygiene, conflicts and violence, promiscuity impairing the health system. Finally, any change in the environment, i.e. climate, will force a population, sensu lato (human or animal), to adapt and, for the microbes, to survive. Given these fundamentals (ie : biodiversity (microbes) and poverty (vulnerability), ultimately the Tropical zone will experience first such climate changes.

Although, tropics are more exposed due to the germs and their countless host and vectors biodiversity, social-economical factors and politics (political instability, conflicts), there is a great uncertainty in time regarding how fast climate will change. In the near future, diseases will be more influenced by public health policies, social-economic challenges, emerging diseases mostly associated to human factor than natural influence (i.e .: climate).

BSTM: Climate change can contribute to infectious diseases propagation, once several diseases, especially the vector borne diseases, are limited by environmental variables, such as temperature, humidity, soil usage patterns and vegetation. Can the evaluation of the possible impacts of the global changes processes be a solution?

JPG: Yes. We must evaluate all the factors involved in the Climate change regarding their impact on Health. We know a lot of them and we have methods to anticipate and develop models for control, and prevention of emergence and spread of the diseases associated or not to climatic changes. Several diseases also are exemplary because there are strongly climate (season) dependent. Several Arthropod transmitted diseases are among of them.

I defined year ago the risk of disease emergence as “fundamentals and domains of emergence” considering on one hand, “fundamentals” as a given risk given in a period of time (temporal dimension) and combining “hazard and vulnerability” and, on the other hand, “domains” as the geographical (spatial dimension) distribution (potential or proved) of the diseases. It is a simple equation for a disease to emerge: the fundamentals be reunited (risk factors, host, pathogen, transmission) in a given time and space, multiply by the magnitude (geography) of a permissive domain (none immune population, transportation, natural or man made barriers).

Climate dependent diseases are also exemplary to study in order to understand the impact on health of the climatic factors (temperature, humidity). As an example – you mentioned the vector (mosquito or ticks) borne diseases – vector (arthropod) transmitted diseases are entirely climate-dependent because the vectors are highly sensitive to humidity (i.e.: rainfall and temperature). When such mechanisms are well understood, control and prevention can be carry out – along with adequate health policies. e.g.: reducing breeding sites of the Dengue vectors before the first rain; grass cut, domestic animal treated to eliminated the risk of tick bites to human (Crimean Congo Hemorrhagic Fever, Omsk hemorrhagic fever). Moreover, other vector transmitted (rodents, bats, etc.) diseases are climate-dependent but mostly indirectly: the influence of the climate on the abundance of food source of subsistence (crops, fruits, insects, etc…). As you can see beside the host biodiversity we have to study the natural cycle biodiversity of the different pathogen. Knowledge acquisition is the only and compulsory solution.

 
BSTM: It is known that global warming can affect tropical diseases. How and what preventive actions could be implemented to reduce the incidence of the diseases?

JPG: Survey and Research are the unique and essential bipolar matters for understanding the evolution of the diseases at the local and global scales. It is a matter of knowledge and the effort of our societies/politics, financial and ideological, to put a real effort on survey and research for well bean of all. However it will be more in term of readiness that prevention we were able to counter fight unexpected emergence or spread of the diseases. For that we have, as said above, to understand the actual circulating diseases (ie the natural cycles of the germs), the ones, which are a potential threat for the population. Be ready!

BSTM: The vector borne diseases, more frequent in tropical countries, are one of the main public health issues that could result from global warming. What can be done to avoid this from happening?

JPG: Survey and Research. Again for years vector borne diseases have been neglected, knowledge acquisition appears essential to understand such complex diseases involving multiple host, permanent barrier species transgression by the germs, multiple epidemiological pattern depending on the human and natural environment. Indeed, epidemiological pattern are changing with the environment (e.g.: Dengue from urban to rural; Japanese encephalitis “from bird to pigs” as a main reservoir; SRAS and Nipah virus once Bats are the vectors) and our societies (e.g.: West Nile or SRAS encephalitis and international exchanges; Lyme disease and wild life conservation and or recreational activities) in constant evolution.

Also we have to think in term of biosecurity, the emergence of a new disease in a population or a new environment (or changing environment) are afflicting the all population and society structure, beside the human loss, economy is often largely disturbed, local and international relations/trade troubled, social and economical disequilibrium occurs. All of it is true at the global level, to any society at any latitude. Ultimately, climate change is of global concern, what happen in the low latitudes below the tropics will plague directly (migration) or indirectly (economy) the higher latitude Palearctic (temperate) zone. We, scientist health officer, have to understand now the potential impact of climate on the tropical zone in order to reduce its impact and, predict/prevent future potential expansion of the diseases to the temperate zone.

BSTM: Regarding non infectious diseases in tropical cities, such as hillslides, floods, among others, global warming should worsen this situation. What public policies could be adopted from now on?

JPG: Survey and Research, again! We have to understand our environment(s) in order to be able to anticipate any change and its health consequences. A humongous knowledge has been built already on it (e.g.: the effect of deforestation, mining, extracting industries, dam and railway, extreme weather events, etc.), but a lack of communication has been the source of ignorance, misunderstanding and failure (e.g.: Assouan Dam bilharzia; Katrina and salt water emerging pathogenic bacteria). Scientists have to communicate to the people and politics, so the people are aware of the health risks and the politics will learn and know how to mitigate the risk.

BSTM: Since the El Niño, epidemiologists and entomologists have given special attention to the impact of the great climatic phenomena on health, when important malaria epidemics were registered in several places of the world, such as Pakistan and Sri Lanka, and in many endemic countries in Africa and Latin America. In your opinion, is there a possibility that a new phenomenon starts a new epidemic?

 
JPG: El Niño as to be considered as the supra-seasonal phenomenon, and, as it is for seasons and climates, several diseases are dependent on it, sometimes directly (e.g.: Rainfall-Mosquito breeding sites and Dengue in South-East Asia or Yellow Fever in Africa), or indirectly (e.g.: Cholera, upwelling currents, sea temperature and plankton along the coast of Peru. Nipah virus emergence carried by Bats migrating from Borneo to Malaysia after the 1998 “super” El Niño followed by dryness and gigantic forest fires in Borneo). Monitoring the climate at the global scale is doubtless important to anticipate any climate-dependent disease to emerge or spread. Extreme weather events are exemplary to study and understand in order to anticipate and prevent unexpected health treat.

 
BSTM: Some of the effects of high temperatures over health are greater vulnerability of immunobiologicals – such as vaccines; greater difficulty to conserve food and greater ultraviolet radiation. In your opinion, what can we expect in a close future regarding these effects?

JPG: When we are talking a “global warming” we are talking about a rise of one or two degrees Celsius over several decades, and that will not alter the technologies used already by cold preservation. Also the necessary cold chain of immunization campaign are more and more well respected, at least it is well known that temperature has to be precisely monitored to keep vaccine (and other drugs) effective. A few degrees will not change the actual managing of cold chains. The ultraviolet radiation does not penetrate thick plastic vials or glass. Ultraviolet radiation are more of concern for skin cancer and peoples – fisherman – leaving close to the tropics where the radiation impact more directly (atmosphere penetration) than in the more temperate latitudes.

BSTM: Once the tropics will host the greater part of the world’s population around 2050 and contribute significantly to global food supply, are we endangered of not having food in the future? Facing this, how do you see the propagation of non-transmissible diseases, including malnourishing and mental illnesses? What actions could be taken to minimize the risks?

JPG: Yes, the impact of the climate on agriculture (i.e.: food resource) will be an important issue, beside the risk of malnutrition (or denutrition) economical problem will rise. As for the other questions you ask, this one his also complex and the equation involve multiple variables: Population growing rate, food supply versus, urbanization, transportation, energy, healthcare access, altogether are the major challenge for a very close future. How to minimize? Few words: Global concern, solidarity, planning the future of the societies, changing behavior…

 
BSTM: Do you believe that conflicts due to raising dry lands leading to land dispute and violence, plus the forced migration of these populations cities already saturated of slums – fact that already occurs in Africa – are related to global warming? What are the consequences of this?

JPG: It as been already quoted a term of “climate refugee” for people who fled their original living place because, the poor harvest during a too long period of time (drought) or, soil impoverishment (overexploitation). But this is known: it is seasonal and not ultimately associated to a supposed “global warming”. It is now a consensus among specialist to abandon the “global warming” term and keep on “climate change” concept essentially, Earth temperature can eventually, in a global balance, increase slightly but, what is important, for humanity and health, is any local climate change (tropical zone); while, in some place, one degree increase, or one overdue dry month, can be of dramatic consequence for transmitted vector borne disease or crop harvest. However, in higher latitudes, damage will be handled by an efficient and dense health system and food supply will be filled.

BSTM: Brazil’s Northeast is subject to droughts and concentrates the greater part of political violence. Is it possible that political violence is also related to global warming?

JPG: Again “global warming” as to be used with caution. Climate change cannot directly influence political violence, however the consequence of climate change – societies have to adapt to – can play an important role on the economy (unemployment, stock exchange, supplies, etc.) and ultimately on its corresponding societal alter ego: politic. Violence rise from disparity, disequilibrium climate change can definitively disturb the society balance.

 
BSTM: Finishing, I would like you to talk a little about your work and your experiences.

JPG: After spending a carrier as researcher in developing countries for the French Institute of Research for Development with the objective to train scientist by doing research and to help developing countries in the acquisition of scientific (i.e.: health) knowledge and intellectual property. I lately join the Metabiota company in the USA to apply my experience and knowledge for training, teaching, engineering tools and strategies to improve Health in developing countries. Altogether the main objective for the people involved in health care at all levels is to understand “how and why a person get sick?”, a very simple question that has been answered for several diseases and other pathogenic situations but needs a more global approach in terms of understanding the mechanism of disease emergence in the different part of the World, societies, environments, ecosystems. Also such approach needs to be of global concern, all health officer and scientists have to work without borders, like the relentless disease outbreaks spreading from on population to another and the threat of pandemic with “nothing to declare to the customs”…