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AIDS: mais de 30 anos após a descoberta muito ainda precisa ser feito para prevenir a doença AIDS: more than 30 years afte

13/07/2012

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A epidemia de AIDS já acometeu mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo, além de ter provocado a morte de cerca de 25 milhões

Ainda que a AIDS tenha drasticamente recuado de nossas conversas e consciência, desde que medicamentos poderosos começaram a conter a onda de morte, o problema continua a assombrar a sociedade brasileira, e tantas outras ao redor do mundo. A epidemia de AIDS já acometeu mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo, além de ter provocado a morte de cerca de 25 milhões. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que entre 30 e 35 milhões de pessoas, hoje, estão infectadas.

Para a professora da Universidade de Brasília (UnB) e psicóloga com especialização em saúde coletiva e projetos na área de HIV/AIDS, Dra. Eliane Seidl, é possível identificar um aspecto positivo no advento da AIDS: “Ela estimulou o diálogo sobre práticas sexuais, prevenção e diversidade sexual”, aponta. Segundo a especialista, é possível observar que muitos direitos sexuais têm sido conquistados recentemente, além do crescimento e fortalecimento do movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). “Isso tudo é muito importante e representa o respeito e a garantia de direitos sexuais, reprodutivos e de cidadania”, acredita.

No Brasil, anos depois de despertar elogios no cenário internacional e ser apontado como modelo, o programa de DST/AIDS foi criticado. Documento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), integrante do projeto Saúde Brasil 2030, afirma que o programa arrefeceu. O documento recomenda: É preciso correção de rumos do programa.

“O programa brasileiro tem avanços inegáveis, como o acesso universal à terapia antirretroviral e o envolvimento do movimento social em decisões da política pública em HIV/AIDS”, pontua a psicológa ao assegurar que outro ganho, é a redução importante da transmissão vertical do vírus, causando queda acentuada nos casos de HIV em crianças. Ela atribui a conquista ao fato do Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS) ter mantido um papel ativo e articulador, norteando e impulsionando as ações nos níveis estaduais e municipais. “Com o avanço do processo de descentralização, estados e municípios tiveram que assumir seu papel de forma mais comprometida, e nem sempre isso ocorreu. A meu ver, essa pode ser uma das explicações para o arrefecimento, tal como opina o documento da Fiocruz”, analisa.

Um dos marcos no cenário mundial foi a implantação da terapia antirretroviral potente, também conhecida como coquetel antiaids. A partir deste momento, a doença passa a ser vista como um problema crônico grave e não mais como uma sentença de morte. “Além de uma expectativa de vida maior, a qualidade de vida dos soropositivos também aumentou. Hoje temos drogas que dão um conforto maior ao paciente”, lembra Dra. Eliane.

Para a especialista, se a população atualmente infectada pelo HIV tiver acesso ao tratamento, isso poderá representar um impacto considerável no controle da epidemia no futuro. Outra vantagem inestimável do acesso a medicamentos, em uma sociedade na qual grande parte das pessoas com HIV recebe tratamento, é que com carga viral indetectável (carga mínima possível hoje) e com o sistema imunológico em bom funcionamento, as chances de transmitir o vírus para outra pessoa se reduzem de forma significativa. Em outras palavras: tratamento também é prevenção. Estudo com casais sorodiscordantes indica que o risco de transmissão cai em 96% quando o parceiro soropositivo se submete a um tratamento eficaz.

Segundo a Dra. Eliane, para que o programa continue servindo de exemplo, é preciso a retomada e fortalecimento das parcerias envolvendo organizações governamentais, não governamentais, universidades, movimentos sociais em geral, principalmente em nível municipal.

O documento elaborado pela Fiocruz indica que o atendimento de soropositivos é feito em serviços superlotados, o número de novas infecções não baixa e grande número de pacientes recebe um diagnóstico tardio. Ao contrário do que se tem observado em outros países que também instituíram programas de acesso universal ao tratamento e têm observado queda na incidência de novas infecções, o Brasil não tem conseguido diminuir a incidência do HIV/AIDS, conta o documento.

“Implementar ações de qualidade em níveis diversos, preventivas, assistenciais, com continuidade, destacando as preventivas. No campo preventivo há necessidade de ações nas escolas, por exemplo, como o Programa Saúde nas Escolas, de forma contínua e participativa”, defende a psicóloga. Ela aposta em ações abrangentes que trabalhem sexualidade e direitos sexuais, por meio de oficinas, com forte envolvimento de crianças e jovens, inseridas nos projetos político pedagógicos das escolas. Eliane sugere que ações intersetoriais, que extrapolam o setor da saúde, também são essenciais. “Escolas, locais de trabalho, ONGs, a mídia em geral, todos têm papel crucial, atuando de forma continuada e permanente”, atenta.

A especialista salienta outro ponto fundamental: O acesso dos cidadãos a insumos de prevenção de forma ampla e irrestrita, a exemplo de camisinhas masculinas, femininas e gel lubrificante. “Temos que baratear esses insumos e disponibilizá-los, gratuitamente, nos serviços de saúde, em especial na atenção básica e na estratégia de Saúde da Família”, opina a especialista ao assegurar que não é possível controlar a epidemia com campanhas na mídia apenas no carnaval, com descontinuidade de ações.

O pensamento da psicóloga encontra consonância em estudos que destacam que o início da adolescência é um momento oportuno para frear a epidemia de AIDS no mundo – já que é o período que antecede o início de uma vida sexual ativa. Em países como a Tanzânia, onde homens buscam relacionamento com meninas muito novas o hábito se tornou algo a ser ridicularizado.

Todos os dias, cerca de 2,5 mil jovens são infectados pelo HIV em todo o mundo, de acordo com último relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e AIDS (Unaids) em parceria com a OMS e outros órgãos internacionais. A publicação indica que a prevalência do HIV entre jovens caiu pouco e alerta que as adolescentes enfrentam um risco desproporcional de infecção por conta de sua vulnerabilidade biológica, da desigualdade social e da exclusão.

 

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The AIDS epidemic has affected more than 60 million people worldwide, and has caused the deaths of about 25 million

Although AIDS has dramatically receded from our consciosness and our conversations, after powerful drugs began to stem the tide of death, the problem continues to haunt Brazilian society, and many other societies around the world. The AIDS epidemic has affected more than 60 million people worldwide, and has caused the deaths of about 25 million. Data from the World Health Organization (WHO) indicate that between 30 and 35 million people are currently infected.

For Dr. Eliane Seidl, professor at the University of Brasilia (UNB) and psychologist with expertise in public health and projects in the ??HIV/AIDS field, it is possible to identify a positive aspect in the advent of AIDS: It encouraged a dialogue about sexual practices prevention and sexual diversity, he says. According to the specialist, it is possible to observe that many sexual rights have been won recently, as well as the growth and strengthening of the Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender (LGBT) movement. This is all very important and represents the respect and guarantee of sexual, reproductive and citizenship rights, he believes.

In Brazil, years after it won praise in the international arena and was appointed as a model, the STD/AIDS program has been criticized. A document from the Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz) and the Secretariat for Strategic Affairs (SAE), a member of the Saúde Brazil (Health Brazil) 2030 project, said that the program had withered. The document recommends: The program’s direction must be fixed.

The Brazilian program has made undeniable advances, such as universal access to antiretroviral therapy and the involvement of the social movement in decisions of public policy on HIV/AIDS, points out the psychologist. She says that another gain is the significant reduction of MTCT, causing a sharp drop in HIV cases in children. She attributes the achievement to the fact that the National Department of STD/AIDS and Viral Hepatitis of the Ministry of Health (MOH) has maintained an active and articulate role, guiding and driving actions at state and municipal levels. With the advancement of the decentralization process, states and municipalities had to take a more committed role, and this did not always occur. In my view, this may be one explanation for the decline of the program. As mentioned by the Fiocruz document”, she says.

One of the milestones on the world stage was the introduction of potent antiretroviral therapy, also known as anti-AIDS cocktail. From this moment on, the disease began be seen as a serious chronic problem and no longer as a death sentence. In addition to a longer life expectancy, the quality of life of HIV-positive individuals also increased. Nowadays we have drugs that give greater comfort to the patient, says Dr. Eliane.

In the expert’s opinion, if the population that is currently infected with HIV has access to treatment, this can make a significant impact in controlling the epidemic in the future. Another inestimable advantage of access to medicines in a society where most people with HIV receive treatment is that, with an undetectable viral load (minimum load possible today) and the immune system in good working order, the chances of transmitting the virus to another person are significantly reduced. In other words: treatment is also prevention. A study with serodiscordant couples indicates that the risk of transmission falls by 96% when the HIV-positive partner undergoes effective treatment.

According to Dr. Eliane, for the program to continue serving as an example, the resumption and strengthening of partnerships among government organizations, NGOs, universities, and social movements in general is crucial, especially at the municipal level.

The document prepared by Fiocruz indicates that the care of HIV positive patients is carried out in overcrowded services, the number of new infections is not dropping and many patients receive a late diagnosis. Contrary to what has been observed in other countries which have also established programs for universal access to treatment and have observed decrease in the infection incidence, Brazil has been unable to reduce HIV/AIDS incidence, says the document.

The continous implementation of good level actions at different levels, such as preventive and treatment, especially preventive. Preventive actions are important at schools, for example, such as the Health Program in Schools, in a continuous and participatory manner, argues the psychologist. She bets on comprehensive actions that tackle sexuality and sexual rights, through workshops, with strong involvement of children and young people, inserted in the political pedagogical projects of schools. Eliane suggests that intersectoral actions, which go beyond the health sector, are also essential. Schools, workplaces, NGOs, the media, all have a crucial role, acting in a continuous and permanent manner, she points out.

Another fundamental point highlighted by the expert: The citizens wide and unrestricted access to prevention materials, like female and male condoms and lubricant gel. We have to make these items cheaper and available free of charge in health services, especially in primary care and in the Family Health strategy, says the expert, to ensure that it is not possible to control the epidemic only through media campaigns during the carnival season, with discontinuity of the actions.

The psychologist’s opinion is consistent with studies that highlight that early adolescence is an opportune moment to halt the AIDS epidemic in the world, since it is the period before the beginning of an active sexual life. In countries like Tanzania, where men seek relationships with very young girls, the habit has become something to be ridiculed.

Every day, about 2,500 young people are infected with HIV worldwide, according to the latest report released by the Joint United Nations Programme on HIV and AIDS (UNAIDS) in collaboration with WHO and other international bodies. The publication indicates that the prevalence of HIV among young people has fallen slightly and warned that teens face a disproportionate risk of infection because of their biological vulnerability, social inequality and exclusion.