Notícias

Produção científica nacional pede mudança, apesar de registrar avançosDespite enhancements, national scientific production

09/12/2013

producao-cientifica-nacional

São poucos os trabalhos feitos no Brasil que são publicados em revistas de excelência como Science ou Nature. É importante lembrar que até hoje não termos um Prêmio Nobel concedido a um cientista brasileiro

“A matéria publicada no Estadão de autoria de Herton Escobar: ‘A ciência brasileira tem de ser mais ousada’, baseada em uma entrevista com a editora-chefe da Revista Science, Marcia McNutt, é importante para a reflexão e indicar os rumos das políticas públicas para a Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil”, reconhece Dr. Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Núcleo do Futuro da UnB, ao atentar que a ciência brasileira ainda está na sua infância e a sua institucionalização é simbolizada pela criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no início da década de 50 do século passado.

Mas o sistema de CT&I, no País, avançou nas últimas décadas, tanto no que diz respeito à formação de recursos humanos como ao fomento, principalmente do setor público federal e estadual, segundo o professor. “Sob o ponto de vista quantitativo, ocupamos uma posição de destaque internacional. No entanto, são poucos os trabalhos feitos no Brasil que são publicados em revistas de excelência como Science ou Nature. É importante lembrar o fato de que até hoje não termos um Prêmio Nobel concedido a um cientista brasileiro que trabalhe no Brasil”, realça Dr. Roitman ao afirmar que a constatação dessas duas realidades merece interpretações e reflexões.

Segundo a matéria, a ciência brasileira produz apenas ciência incremental, de baixo impacto. Para o coordenador do Núcleo do Futuro da UnB isso é constatado pelo baixo impacto da produção científica nacional, tão em voga na métrica das avaliações das agências de fomento. Ele lembra que para mudar esse panorama, a matéria recomenda uma maior ousadia dos pesquisadores brasileiros. “O estímulo para isso deve partir dos responsáveis pelas políticas públicas da área. Como aponta a matéria, o lema ‘publique, publique e publique’, tão em moda no Brasil, não permite que se valorizem os resultados negativos que são referidos como fracasso e que, consequentemente, não originam publicações”, ressalta. Para ele, o lema deverá ser modificado para ‘publique com qualidade’.

Investindo na ciência
Na avaliação de Dr. Roitman, as agências de fomento precisam abandonar a simplista avaliação quantitativa das publicações e dar um valor especial para aquelas com qualidade. “Essas não surgem com frequência, nas fábricas de publicações que representam uma grande parte do ambiente científico brasileiro. Vários obstáculos devem ser removidos, para um salto de qualidade na ciência brasileira”, antecipa ao assinalar, entre eles, o fomento regular e a remoção dos entraves burocráticos que provocam a lentidão na execução dos projetos científicos.

O especialista defende que será importante inserir na formação dos futuros cientistas o exercício do pensar, o estímulo à criatividade e a consciência de sua responsabilidade social. Entretanto, pondera que é também importante, a demolição do muro que separa a academia das empresas, sobretudo das privadas. Para ele, essas empresas privadas precisam colocar a dimensão do risco nos seus empreendimentos.

“Oxalá, que no futuro possamos ter como rotina a publicação de trabalhos realizados no Brasil, por brasileiros, nas mais prestigiosas revistas científicas do mundo. Oxalá, que possamos ter uma lista sempre crescente de cientistas brasileiros agraciados com o Prêmio Nobel. Oxalá, que os cientistas brasileiros possam contribuir e influenciar radicalmente a ciência global contribuindo efetivamente para o avanço do processo civilizatório”, roga Dr. Roitman.

producao-cientifica-nacional

There are few works conducted in Brazil being published in excellence journals such as Science or Nature. It is important to keep in mind that until today no Nobel Prize has been conceded to a Brazilian scientist

“The article published in the Estadao website by Herton Escobar: ‘Brazilian science must be more daring’, based in an interview with Science Magazine’s head editor, Marcia McNutt, is important for reflection and pointing the way for Brazilian public policies for Science, Technology and Innovation”, acknowledges Dr. Isaac Roitman, emeritus professor of the Brasilia University (UnB) and UnB Future Center’s coordinator, while pointing that Brazilian science is still in its childhood and its institutionalization is represented by the creation of the National Council of Scientific and Technological Development (CNPq) in the beginning of the 1950s.

 
But the Science, Technology and Innovation system has enhanced in the last decades, both regarding human resources formation and fostering, especially from the federal and state public sectors, according to the professor. “From the quantitative point of view, we have a prime position. However, few works from Brazil are published in excellence journals such as Science of Nature Maganzines. It is important to keep in mind that until today, no Brazilian scientist, working in Brazil, has ever been granted with a Nobel Prize”, highlights Dr. Roitman while affirming that these two situations require interpretations and reflections.

According to the article, Brazilian science only produces low impact incremental science. For the UnB Future Center’s coordinator this is determined by the low impact of national scientific production, so popular in foster agencies’ evaluation metrics. He reminds that in order to change this panorama, the article asks Brazilian scientists to be more daring. “The impulse for this must come from the people in charge of the area’s public policies. As pointed in the article, the motto ‘publish, publish and publish’, so popular in Brazil, prevents the negative results – which are referred to as failures, from being valued, what consequently do not originate publications”, points. For him, the motto must be changed to “publish with quality”.

Investing in science
In Dr. Roitman’s evaluation, the foster agencies should abandon the publication’s simplistic quantitative evaluation and give special value for those with quality. “These don’t come frequently in the publication factories that represent great part of Brazilian scientific environment. For a quality leap in Brazilian science, many obstacles have to be removed”, anticipates while pointing the bureaucratic barriers that slow the execution of scientific projects.

The specialist defends the exercise of thinking, the stimulation of creativity and the conscience of social responsibility will have to be inserted in the future scientists’ formation. However, balances that the demolition of the wall separating academy from companies – especially the private ones – is also important. For him, these private companies need to add the risk dimension to their ventures.

“I wish we could have routinely the publication of works conducted in Brazil, by Brazilians in the best scientific journals of the world. I wish we could have an ever growing list of Brazilian Nobel Prize winners. I wish Brazilian scientists could effectively contribute to the progress of the civilization process”, supplicates Dr. Roitman.