Notícias

Nota de Esclarecimento

11/03/2015

A comunidade acadêmica da Faculdade de Medicina da UnB recebeu com grande perplexidade a notícia publicada no site da SBMT intitulada: “UnB extingue obrigatoriedade de disciplina sobre Doenças Tropicas e gera polêmica”, pois considera que algumas afirmações realizadas por respeitados professores da área de Medicina Tropical não condizem com a realidade do que vem ocorrendo, de forma ampla, irrestrita e democrática, com os vários segmentos que compõem a comunidade da Faculdade de Medicina, qual seja a discussão sobre a renovação do Projeto Pedagógico do Curso de Medicina da UnB e da nova matriz curricular, que foram recentemente aprovadas, por unanimidade, no Conselho Pleno da Faculdade de Medicina – composto por todos os docentes efetivos da Faculdade de Medicina, representantes dos discentes e do seu corpo técnico-administrativo, e referendadas por instâncias superiores da Universidade de Brasília (Câmara de Ensino de Graduação), portanto essa nova proposta curricular não reflete a opinião ou a expertise de um pequeno grupo de especialistas em ensino médico, mas, além disso, espelha a participação ativa e efetiva de toda a comunidade acadêmica da Faculdade de Medicina da UnB – e que está expressa no documento tornado público em 13 de março do corrente ano no portal da Faculdade de Medicina da UnB [www.fm.unb.br] e que, com grande satisfação, encaminho em anexo à essa mensagem.

Na nova matriz curricular proposta não há extinção de conteúdos obrigatórios (essenciais à formação qualificada de médicos), mas sim há renovação e aprimoramento do ensino em várias áreas médicas.

No que diz respeito às doenças infecciosas e parasitárias, o conteúdo ministrado continuará de caráter obrigatório (por ser absolutamente essencial para composição de um perfil de egresso que atuará no Brasil e previsto no Projeto Pedagógico do Curso de Medicina da UnB), seu desenvolvimento far-se-á de forma ampliada e integrada para as esferas da Medicina da Família e Comunidade e de Urgência e Emergência, bem como junto à Atenção à Saúde.

Os conteúdos relativos à doenças infecciosas e parasitárias continuarão sendo obrigatórios, porém não estarão apenas em uma “caixinha específica”, mas e sim, integrados com outras disciplinas obrigatórias. A equipe responsável pela implementação dessa tarefa será composta por docentes “herdeiros” da nobre tradição do Núcleo de Medicina Tropical da UnB, que sempre prezou, e continuará empenhada, pelo ensino dessas doenças no seu contexto social, humano e ético, extrapolando a usual e restrita abordagem biológica.

O caminho democraticamente escolhido para servir de percurso curricular, pela comunidade acadêmica da Faculdade de Medicina, necessitará de acompanhamento pelas sociedades acadêmicas, sociedades de especialistas e pela sociedade civil organizada e não organizada, cujas opiniões e percepções serão de grande valia para o enriquecimento constante dessa nossa proposta. Essa participação, certamente será sempre bem-vinda como parte de uma interlocução qualificada e propositiva com o ambiente externo à universidade. No entanto, ela só renderá frutos se partir do reconhecimento tácito por todas as partes da absoluta necessidade do respeito pleno ao exercício autônomo das prerrogativas de cada um dos atores do processo.

Reconhecemos que muitos serão os desafios no futuro que rapidamente se avizinha, trilharemos um árduo caminho nessa nova trajetória curricular proposta, que de certa forma avança na contramão daquilo que é vertical e autocraticamente determinado e que privilegia plenas condições de diálogo na nossa Escola Médica, portanto necessitaremos da efetiva ação de vários atores (internos e externos) e de interlocutores para que possamos consolidar a manutenção de nossa tarefa inerente e precípua – continuar formando médicos qualificados e preparados para o atendimento das necessidades de saúde da sociedade brasileira.

Endosso por completo a nota de esclarecimento (em anexo) emitida pelos professores Gustavo Adolfo Sierra Romero (coordenador do Núcleo de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UnB) e Elza Ferreira Noronha – ambos docentes responsáveis pelos conteúdos de doenças infecciosas e parasitárias no curso de Medicina da UnB. E outrossim, solicito que esse esclarecimento que presto e a Nota em epígrafe seja divulgados no portal da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical com o mesmo destaque (portanto na página inicial) que foi dado à notícia publicada nesse mesmo portal e citada no início desse e-mail, para que a comunidade seja melhor esclarecida sobre os aludidos comentários expressos naquela notícia.

Certos da melhor compreensão do trabalho acadêmico e democrático realizado no âmbito da Faculdade de Medicina, mormente no que concerne à Medicina Tropical Brasileira, aguardamos o pronto deferimento da presente solicitação e nos colocamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que seja considerados necessários.

Clique aqui e leia o documento “Sobre currículos, modo de fazer e as necessidades da população brasileira: uma reflexão sobre o ensino das doenças infecciosas e parasitárias na Universidade de Brasília” na íntegra

Clique aqui e confira o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília

Saudações acadêmicas.

Prof. Dr. Paulo César de Jesus

Diretor da Faculdade de Medicina Universidade de Brasília