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Apesar de evitável, malária ainda é causa de mortes e pode ir além do mundo tropicalAlthough preventable, malaria is still

08/05/2013

Malária

No Brasil, no ano passado, foram registrados cerca de 50 óbitos – número que o especialista considera alto, lembrando que são mortes evitáveis. No mundo, acredita-se que tenha de 700 mil a um milhão de óbitos anuais

“A migração de grupos humanos, em condições precárias de habitação e de trabalho, pode reintroduzir a malária onde ela já existiu e foi eliminada.” A observação do professor da Pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB), Dr. Pedro Tauil, aponta para um problema que atinge, hoje, além do mundo tropical, especialmente em virtude da globalização.

Entretanto, o especialista explica que para que isso ocorra, é preciso que haja condições de receptividade nessas áreas, isto é, presença de mosquitos vetores em densidades suficientes para a transmissão da doença. “Os migrantes podem levar os parasitos para essas regiões, como se dá na região extra-amazônica do Brasil, onde eventualmente ocorrem surtos da doença pela presença de pessoas procedentes da Amazônia ou de outros países maláricos”, salienta ao afirmar que recentemente, foram registrados surtos de malária na Grécia, onde a doença havia sido eliminada há muitos anos, via presença de imigrantes africanos.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), em 2012 foram registrados 276 mil casos de malária no Brasil, sendo 99,5% na região amazônica. No mundo, os números não são precisos. “Além da região amazônica das Américas, a doença distribui-se principalmente pela África – ao sul do Deserto de Saara – e pelo sudeste asiático. Estima-se que sejam cerca de 100 milhões de casos, sendo a grande maioria incidente na África Subsaariana”, destaca Dr. Tauil.

No Brasil, no ano passado, foram registrados cerca de 50 óbitos – número que o especialista considera alto, lembrando que são mortes evitáveis. No mundo, acredita-se que tenha de 700 mil a um milhão de óbitos anuais. Segundo estimativas da ONU, na África, a malária mata uma criança por minuto.

25 de abril: Dia mundial de combate à malária
Medidas de prevenção têm contribuído para a redução da incidência da malária, de acordo com o especialista da UnB, que acredita que o Brasil vai cumprir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), para 2015, de reduzir as taxas de incidência da malária em mais de 75%.

“Anualmente, estamos reduzindo a incidência em cerca de 10 a 15%, há alguns anos. Os estados de Tocantins, Maranhão e Mato Grosso caminham rapidamente para a eliminação da transmissão”, salienta o professor ao comentar que a África Subsaariana e a Índia também têm apresentado redução da transmissão, mas que é difícil prever se conseguirão reduzir em mais de 75% a incidência anual.

Diagnóstico e tratamento adequados e oportunos, isto é, nas primeiras 48 horas do início dos sintomas; uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas na área endêmica da África, onde os vetores picam quase que exclusivamente dentro de casa; rápido e intenso processo de urbanização da população mundial, são alguns fatores que na avaliação do Dr. Tauil contribui para a queda de casos de malária.

Advertindo que a luta contra a malária deve ser diária, o especialista acha importante ter uma data para marcar politicamente a luta contra a doença. “Pode chamar a atenção das autoridades e da população para o problema da malária e a necessidade de seu combate”, considera.

E para assegurar maior agilidade ao diagnóstico, um aparelho, muito parecido com um smartphone, foi desenvolvido por um grupo de investigadores financiados pela União Europeia para identificar infecções de malária em apenas 15 minutos, por meio de uma gota de sangue. O projeto chama-se Nanomal e terá início em 2015. No entanto, o projeto ainda será avaliado durante este ano e só entrará em vigor se passar em todos os testes com os resultados esperados, conforme noticiado na imprensa portuguesa.

Clima tropical favorece a malária
“Existem localidades com maior propensão para a ocorrência da malária”, reconhece Dr. Tauil ao assinalar a região amazônica da América do Sul, África Subsaariana, países do Sudeste Asiático, coincidindo com as regiões tropicais e subtropicais do mundo.

Ele argumenta que essas áreas possuem características comuns. “Temperaturas elevadas, altos índices pluviométricos, presença de regiões com matas e florestas, além de populações vivendo em condições precárias de habitação e trabalho. Esses fatores favorecem a possibilidade de ocorrência da malária”, diz.

E foi exatamente a condição precária de habitação a razão do recente surto de malária no Pará. Conforme divulgado na imprensa, 64 pessoas, moradoras do mesmo conjunto habitacional, foram infectadas pela doença.

Malária

In Brazil, last year, there were about 50 deaths – a number that the expert considers high, since these deaths are preventable. Worldwide, it is believed that there are 700,000 to one million deaths annually

“The migration of human groups, with conditions of poor housing and work, may reintroduce malaria where it already existed and has been eliminated.” The observation of Dr. Pedro Tauil, professor of the postgraduate course in Tropical Medicine at the University of Brasilia (UnB), points to a problem that currently affects people beyond the tropical world, especially with globalization.

However, the expert explains that for this to occur, there must be conditions of receptivity in these areas: the presence of vector mosquitoes at densities sufficient for transmission of the disease. “Migrants can bring parasites to these regions, as occurs in the extra-Amazon region of Brazil, where outbreaks occur due to the presence of people from the Amazon or other malarial countries”, he stresses.  He says that outbreaks of malaria in Greece have been recently registered, where the disease had been eliminated many years ago, through the presence of African immigrants.

According to the Ministry of Health, 2012 saw 276,000 cases of malaria in Brazil, with 99.5% in the Amazon region. Worldwide, the numbers are not precise. “In addition to the Amazon region of the Americas, the disease is spread mainly through Africa – to the south of the Sahara Desert – and Southeast Asia. It is estimated that there are about 100 million cases, and the vast majority are in Sub-Saharan Africa”, says Dr. Tauil.

In Brazil, last year, there were about 50 deaths – a number that the expert considers high, since these deaths are preventable. Worldwide, it is believed that there are 700,000 to one million deaths annually. According to UN estimates, in Africa malaria kills one child every minute.

April 25: World Day to combat malaria
Prevention measures have helped reduce the incidence of malaria, according to the UnB expert, who believes that Brazil will meet the goal of the World Health Organization (WHO), in 2015, to reduce the incidence rates of malaria by more than 75%.

“Annually, the incidence has fallen by around 10 to 15% for some years. The states of Tocantins, Maranhão and Mato Grosso are on the verge of eliminating transmission”, he says, noting that Sub-Saharan Africa and India have also reduced transmission, but it is difficult to predict whether they can reduce the annual incidence by more than 75%.

Timely and suitable diagnosis and treatment (within 48 hours of onset of symptoms); the use of mosquito nets impregnated with insecticides in endemic areas of Africa, where the vectors bite almost exclusively indoors; rapid and intense urbanization of the world population, are some factors that contribute to the decline of malaria cases, in the assessment of Dr. Tauil.

Warning that the fight against malaria must be a daily one, the expert thinks it is important to have a date to politically mark the fight against the disease. “You can turn the attention of the authorities and the population to the problem of malaria and the need to combat it”, he believes.

And to make the diagnosis more agile, a device, similar to a smartphone, has been developed by a group of researchers funded by the European Union to identify malaria infections in just 15 minutes, using a drop of blood. The project is called Nanomal and will start in 2015. However, the project will still be assessed this year and only come into effect if it passes all the tests, as reported in the Portuguese press.

Tropical climate favors malaria
“There are places with a higher propensity for the occurrence of malaria”, acknowledges Dr. Tauil, who says the Amazon region of South America, Sub-Saharan Africa and Southern Asia are all tropical and subtropical regions of the world.

He argues that these areas have common characteristics: “High temperatures, high rainfall, the presence of regions with forests and jungle, and populations living in poor housing and work conditions. These factors favor the occurrence of malaria”, he says.

It was precisely the precarious housing conditions that led to the recent outbreak of malaria in Pará state in Brazil. As disclosed in the press, 64 people living in the same housing estate were infected by the disease.