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Documento com recomendações para controle das leishmanioses é construído no Worldleish 5 Document with leishmaniasis contr

13/06/2013

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Carta trará recomendação de cuidados com as leishmanioses para governos, programas de controle governamentais, para o Ministério da Saúde brasileiro e de outras nações

Exatamente, mil trezentas e setenta e sete pessoas, fizeram parte do debate sobre leishmanioses realizado em Porto de Galinhas (PE). O Worldleish 5 – 5º Congresso Mundial de Leishmanioses – contou com a presença de acadêmicos, estudantes e técnicos, além de interessados no tema: Leishmania. Foram participantes de 26 Unidades Federadas do Brasil e de 50 países, como: EUA, Reino Unido, Índia, Cuba, China, África do Sul, entre outros. Só de estrangeiros foram 467 presentes.

A discussão girou em torno do diagnóstico, tratamento e ferramentas para o controle da doença, a exemplo do desenvolvimento de vacinas. Como resultado do encontro, um documento, intitulado Carta de Porto de Galinhas, está em fase final de elaboração para que seja publicadoem Revista Científica.“A Carta trará recomendação de cuidados com as leishmanioses para governos, programas de controle governamentais, para o Ministério da Saúde brasileiro e de outras nações”, assinala Dr. Sinval Pinto Brandão Filho, presidente da Comissão Organizadora do evento, ao acrescentar que o documento será submetido à Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão responsável por coordenar as recomendações pertinentes ao controle das leishmanioses.

Dr. Sinval Pinto Brandão Filho explica que, apesar do trabalho árduo de dois anos para a preparação do Congresso, o resultado foi especialmente satisfatório. “Isso ficou refletido no apoio que nos deram ao comparecerem ao evento em tão grande número. A 5º edição do Worldleish bateu todos os recordes anteriores. Foram recebidos 1.426 trabalhos, o que ultrapassou de longe o esperado”, pondera. Para Kwang-Poo Chang, responsável pela organização internacional do WordLeish 5, o evento já deveria ter ocorrido no Brasil há muito tempo. Ao elogiar a organização brasileira, Dr. Chang destaca que o encontro cumpriu seu papel. “Aqui, foi possível reunir um bom número de pesquisadores em leishmanioses, possibilitando um intercâmbio de informaçõesem parasitologia. Issoé importante para que possamos conhecer quais são os novos avanços no tratamento, no diagnóstico e provavelmente na cura”, observa ao salientar que em breve pretende voltar ao Brasil.

Já o Dr. Jeffrey Jon Shaw que atua principalmente nos seguintes temas: Protozoologia médica e veterinária, Entomologia e Parasitologia, atenta que hoje faltam entomologistas, pessoas para trabalhar com o controle do vetor, e não apenas com o de leishmaniose. Ele aponta que o governo até tenta, mas é muito devagar devido à limitação de recursos. “Fico muito triste com isso. Temos poucas escolas e poucos profissionais”, analisa ao lembrar que um método simples, difundido pelo Dr. Robert Killick-Kendrick, há pelo menos uma década – um colar de inseticidas para se colocar no cão – até agora é o mais eficaz para o controle da doença. Mas, Dr. Sinval lembra os muitos estudos promissores apresentados no encontro e adianta a expectativa de que, em breve, haja consensos em relação aos tratamentos, a prevenção e ainda sobre a polêmica eutanásia canina. Ele garante que todos esses pontos serão contemplados na Carta de Porto de Galinhas.

Eutanásia divide opiniões
O fórum de expressão de opiniões científicas e de outros setores da sociedade em relação ao assunto da eliminação de cães para o controle de leishmaniose visceral (LV) – calazar –, realizado no segundo dia do encontro, deixou claro que alguns cientistas estão divididos, confusos com a falta de evidências de que o sacrifício canino realmente seja a melhor solução. “O grande drama é que temos de falar em nome da ciência e ela não está dizendo nada sobre isso, ou seja, de como a política brasileira pode ser estabelecida diante de uma falta de evidências científicas”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Dr. Carlos Costa, ao lembrar o Código Sanitário Internacional. O documento prevê que uma medida de saúde pública só deve ser tomada quando se tem evidência científica.

Após dias de debate sobre o assunto a pergunta agora é: como nós brasileiros vamos lidar com este problema? Costa acredita que há sinais de amadurecimento. O primeiro é ter a ciência como guia e o segundo é respeitar os outros seres vivos, além de nós humanos. “É muito interessante presenciar a evolução da mentalidade brasileira”, aponta. Entretanto, o especialista salienta que falta investimento em conhecimento e globalização científica para que o tratamento de cães se torne uma realidade.

Falta investimento
O Ministério da Saúde (MS) reconhece que, apesar de ter investido R$ 18 milhões para a área de pesquisa, o aporte financeiro fica aquém do necessário. “Sabemos que o valor não é suficiente, mas temos que potencializar o uso destes recursos e contar com a colaboração da comunidade científica internacional, para que tenhamos respostas mais rápidas”, analisa Dr. Ricardo Pio Marins, coordenador-geral de doença transmissível do Departamento de Vigilância Epidemiológica (SVS/MS), ao defender que assim será possível reduzir o impacto da doença sobre as populações mais pobres.

Pernambuco dá exemplo
Em Recife (PE), segundo o pesquisador da Fiocruz/CE, Luis Fernando Pessoa de Andrade, houve uma redução de 80% dos casos constatados de leishmaniose visceral e tegumentar, nos últimos dez anos, nos cinco municípios participantes do Programa Multidisciplinar de Enfrentamento à leishmaniose. O programa, há uma década, treina agentes comunitários de saúde, bem como agentes de combate às endemias, para acelerar o diagnóstico ambulatorial em humanos e cães, com o intuito de assegurar o imediato encaminhamento das pessoas infectadas para tratamento nos postos de saúde e hospitais, e os cães para as devidas providências – tratamento ou sacrifício. O bom resultado motivou os municípios cearenses de Baturité e Pacoti a implantarem o Programa.

Para Pessoa, a iniciativa precisa expandir seu raio de ação, hoje limitado em até cem quilômetros das capitais. “Desse modo, o Programa poderia ter melhor atuação nas áreas mais endêmicas”, aponta ao realçar que é preciso ousar, visto que o Brasil é um dos cinco países que registram os maiores casos de infecção da Leismanhia.

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The letter will bring precaution recommendations for the governments, control programs, Brazilian and other nations’ Health Ministries.

Precisely one Thousand, three hundred and seventy seven people were part of the leishmaniasis debate that took place in Porto de Galinhas (PE – Brazil). Worldleish 5, the Fifth World Congress on Leishmaniasis gathered academics, students and technicians, besides people interested in the theme: Leishmania. There were participants of 26 Brazilian Federated Units and of other 50 countries, as USA, United Kingdom, India, Cuba, China, South Africa, among others. Foreigners were 467 presents.

The discussion was about diagnostics, treatment and the disease control tools, as an example, vaccine development. As the result of the meeting, a document entitled Porto de Galinhas Letter, is in the final development stage in order to be published in Scientific Journals. “The letter will bring precaution recommendations for the governments, control programs, Brazilian and other nations’ Health Ministries”, points Dr. Sinval Pinto Brandão Filho, chair of the event’s Organizing Committee by adding that the document must be revised by the World Health Organization (WHO), organ in charge of coordinating recommendations related to leishmaniasis.

The chairman of the Organizing Committee, Dr. Sinval Pinto Brandão Filho, stated that despite the two years of hard work organizing the conference, the challenge was especially satisfying and the arduous work and dedication were worth doing. “This was reflected in the support we had by gathering so many people. The Worldleish’s fifth edition beat all previous records. 1.426 abstracts were received by over 1.200 participants, which was far more than the expected”, he said. For Kwang-Poo Chang, chair of the Worldleish 5 International Scientific Committee, the event should have happened in Brazil a long time ago. While complimenting the Brazilians organization team, Dr. Chang points that the event has fulfilled its role. “Here, it was possible to gather a large number of leshmaniasis researchers, allowing the exchange of parasitology information. This is important so we can know which are the advances in treatment, diagnostics and possibly cure”, he said while stating that plans to soon return to Brazil.

Dr. Jeffery Jon Shaw, a specialist in medical and veterinary protozoology, entomology and parasitology, cautions that there is a lack of parasitologists, people dedicated to work controlling the vector, and not only the leishmaniasis one. He points that the government tries, but very slowly due to the lack of resources. “This makes me very sad. We have very few schools and very few professionals”, analizes by remembering that a very simple method developed by Dr. Robert Killick-Kendrick, at least a decade ago – a collar impregnated with insecticide for dogs – still is the most efficient when controlling the disease. However, Dr. Sinval remembers that many promising studies were presented during the meeting and brings forward the expectancy that soon, there will be a general agreement in treatment, prevention and even about the polemic canine euthanasia. He assures that all of these subjects will be contemplated in the Porto de Galinhas Letter.

Euthanasia divides opinions

The scientific opinions expression forum and other society areas related to the matter of eliminating dogs as a visceral leishmaniasis – kala-azar – control policy, that took place on the morning of the second day of the event, made clear that some scientists are divided, confused by the lack of evidence that the canine sacrifice is really the best solution. “The great drama is that we have to speak in name of science, who is not saying anything about this, i. e. how the Brazilian policy can be established before the lack of scientific evidence”, points the president of the Brazilian Society of Tropical Medicine – BSTM, Dr. Carlos Costa, as he remembers the International Sanitary Code. The document states that a public health policy can only be used under scientific evidence.

After days of debate on the matter, the question is: how do we Brazilians live with this problem? Costa believes there are signs of maturity. The first is to have science as a guide, the second, is to respect other living beings, besides us humans. “It is very interesting to witness the evolution of the Brazilian mind”, he points. Although the specialist says that there is a lack of investment in knowledge and scientific globalization in order to dog treatment to become a reality.

Lack of investment

The Health Ministry recognizes that despite having invested over USD 9 million for research, the financial support is well below the necessary. “We know the amount is not enough, but we have to boost the use of these resources and count with collaboration of the international scientific community, so we can have faster results”, analyses Dr. Ricardo Pio Marins, general-coordinator of transmissible diseases from the Department of Epidemiological Surveillance (SVS/MS), while defending that only this way it will be possible to reduce the impact of the disease on the poorest populations.

Pernambuco gives an example

In Recife (PE), according to the Fiocruz/CE researcher, Luis Fernando Pessoa de Andrade, a reduction of 80% in cases of visceral and tegumentary leishmaniasis, in the last 10 years, in the 5 municipalities part of the Multidisciplinary Program Against Leishmaniasis. The program, for a decade, trains community agents, as well as endemic combat agents, to accelerate the outpatient diagnosis for humans and dogs, in order to assure rapid forwarding of infected patients for treatment, and dogs for the appropriate actions – treatment or sacrifice. The good result motivated the municipalities of Baturite and Pacoti, in the neighbor state of Ceara to implant the program.

For Pessoa, the initiative needs to expand its field of action, today restricted to one hundred kilometers from the capitals. “This way, the Program could be better results in most endemic regions”, he points while highlighting that challenging is necessary, once Brazil is one of the five countries with more leishmaniasis infection cases.

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