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Prof. Dr. Luis Felipe Rios fala sobre AIDS e sexualidade fala com a SBMTProf. Dr. Luis Felipe Rios fala sobre AIDS e sexua

14/03/2012

Ao longo de minhas pesquisas sobre a epidemia do HIV/AIDS na interface com a sexualidade, tenho buscado compreender o que faz com que determinadas categorias populacionais (por exemplo, o jovem homem que faz sexo com homens – HSH), se tornem mais suscetíveis ao vírus HIV. Para isso, tenho me embasado numa abordagem teórica que localiza a sexualidade como construção social. Nessa abordagem, o entendimento é que a biologia é muito fraca para orientar os desejos, os objetos e as práticas sexuais. Isso tudo é situado culturalmente. Do mesmo modo que as outras dimensões de humanidade, a pessoa tem a sua sexualidade constituída através das interações estabelecidas nos diversos contextos de desenvolvimento, como a família, a vizinhança, os grupos de pares, a escola, as comunidades religiosas etc.

Nessa perspectiva, entende-se que para subsidiar a construção de estratégias preventivas eficazes, as investigações em sexualidade e AIDS devem dar relevo aos contextos comunitários, se ocupando em desvelar as culturas sexuais que sustentam as interações entre homens e mulheres, nos diferentes arranjos sexuais possíveis.

Nessa linha, para entender a passagem do HIV de pessoa a pessoa, via as relações sexuais, é preciso compreender a lógica que orienta a formação das parcerias sexuais, e quais práticas sexuais estas abrigam. Volto a dizer, nada disso é universal, mas tem a ver com contextos específicos.

Parcerias e práticas que, atravessadas pelas categorias sexuais, eróticas e de gênero, vão integrar sistemas de sexo-gênero. Ou seja, nesse tipo de pesquisa concebe-se que o corpo ganha significado ao ser apreendido em dado sistema de sexo-gênero. Neste mesmo momento, a pessoa corporificada é valorada, quando, para ganhar sentido, é posicionada no e pelo sistema que a engendra. Processo que constitui relações de poder em micro e macro escalas, e têm efeitos concretos no acesso das pessoas (sexuadas, generizadas, etarizadas, racializadas etc) a bens e serviços, agravos à saúde e violação de direitos.

Trazendo para mais perto do que aqui nos interessa, posso dizer que os dados epidemiológicos, ao desvelarem as tendências da epidemia de AIDS, mostram, como numa radiografia das deformações causadas por um dado evento em um “esqueleto”, as marcas no corpo social de certos processos opressivos de sexualidade, que, ao desigualar as pessoas, as vulnerabilizam. No entanto, no meu entendimento é a análise nos moldes da econômica-política, acima sugerida, que permitirá que o pesquisador se acerque dos processos opressivos propriamente ditos, ao interpretar posições e valores, significados e sentidos, considerando conjunturas e dinâmicas específicas.

Para exemplificar temos o caso dos Jovens HSH. Conforme análises divulgadas no ultimo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2011, 54,3% dos jovens entrevistados no estudo nacional com HSH relataram utilizar preservativo em todas as relações sexuais com parceiro casual, nos últimos 12 meses. Sugere ainda que a chance de um jovem gay estar infectado pelo HIV é aproximadamente 13 vezes maior que a de um jovem heterossexual.

Inspirado por esse contexto epidemiológico, busquei compreender o comportamento sexual de jovens HSH de classe popular do Rio de Janeiro. Minhas pesquisas foram desenvolvidas a partir de uma abordagem qualitativa, embasada em entrevistas, conversas informais e observações em espaços de homossociabilidade. Sendo muito sintético, posso dizer que minhas análise apontam   que o estigma às homossexualidades (que interfere no cuidado de si), interage sinergicamente com um padrão recorrente de formação de parcerias afetivas, tornando o jovens mais vulneráveis ao HIV. Esse padrão preconiza a interação entre homens mais novos com homens mais velhos. Um encontro de idades/gerações marcado pela condição econômica  (o jovem que, em geral, tem menor condição econômica) e os significados de ser jovem (supostamente menor saber e com menores condições de negociar), que vão implicar em desigualdades de poder. A situação se torna ainda mais agravada quando os jovens se engajam em parcerias fixas. O amor romântico parece exigir a retirado das barreiras (de látex) do cotidiano sexual dos casais, e sem averiguação de condição sorológica dos parceiros. Um contexto que torna ambos, mais novos e mais velhos, mais suscetíveis ao HIV do ponto de vista social.

Ao longo de minhas pesquisas sobre a epidemia do HIV/AIDS na interface com a sexualidade, tenho buscado compreender o que faz com que determinadas categorias populacionais (por exemplo, o jovem homem que faz sexo com homens – HSH), se tornem mais suscetíveis ao vírus HIV. Para isso, tenho me embasado numa abordagem teórica que localiza a sexualidade como construção social. Nessa abordagem, o entendimento é que a biologia é muito fraca para orientar os desejos, os objetos e as práticas sexuais. Isso tudo é situado culturalmente. Do mesmo modo que as outras dimensões de humanidade, a pessoa tem a sua sexualidade constituída através das interações estabelecidas nos diversos contextos de desenvolvimento, como a família, a vizinhança, os grupos de pares, a escola, as comunidades religiosas etc.

Nessa perspectiva, entende-se que para subsidiar a construção de estratégias preventivas eficazes, as investigações em sexualidade e AIDS devem dar relevo aos contextos comunitários, se ocupando em desvelar as culturas sexuais que sustentam as interações entre homens e mulheres, nos diferentes arranjos sexuais possíveis.

Nessa linha, para entender a passagem do HIV de pessoa a pessoa, via as relações sexuais, é preciso compreender a lógica que orienta a formação das parcerias sexuais, e quais práticas sexuais estas abrigam. Volto a dizer, nada disso é universal, mas tem a ver com contextos específicos.

Parcerias e práticas que, atravessadas pelas categorias sexuais, eróticas e de gênero, vão integrar sistemas de sexo-gênero. Ou seja, nesse tipo de pesquisa concebe-se que o corpo ganha significado ao ser apreendido em dado sistema de sexo-gênero. Neste mesmo momento, a pessoa corporificada é valorada, quando, para ganhar sentido, é posicionada no e pelo sistema que a engendra. Processo que constitui relações de poder em micro e macro escalas, e têm efeitos concretos no acesso das pessoas (sexuadas, generizadas, etarizadas, racializadas etc) a bens e serviços, agravos à saúde e violação de direitos.

Trazendo para mais perto do que aqui nos interessa, posso dizer que os dados epidemiológicos, ao desvelarem as tendências da epidemia de AIDS, mostram, como numa radiografia das deformações causadas por um dado evento em um “esqueleto”, as marcas no corpo social de certos processos opressivos de sexualidade, que, ao desigualar as pessoas, as vulnerabilizam. No entanto, no meu entendimento é a análise nos moldes da econômica-política, acima sugerida, que permitirá que o pesquisador se acerque dos processos opressivos propriamente ditos, ao interpretar posições e valores, significados e sentidos, considerando conjunturas e dinâmicas específicas.

Para exemplificar temos o caso dos Jovens HSH. Conforme análises divulgadas no ultimo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, em 2011, 54,3% dos jovens entrevistados no estudo nacional com HSH relataram utilizar preservativo em todas as relações sexuais com parceiro casual, nos últimos 12 meses. Sugere ainda que a chance de um jovem gay estar infectado pelo HIV é aproximadamente 13 vezes maior que a de um jovem heterossexual.

Inspirado por esse contexto epidemiológico, busquei compreender o comportamento sexual de jovens HSH de classe popular do Rio de Janeiro. Minhas pesquisas foram desenvolvidas a partir de uma abordagem qualitativa, embasada em entrevistas, conversas informais e observações em espaços de homossociabilidade. Sendo muito sintético, posso dizer que minhas análise apontam   que o estigma às homossexualidades (que interfere no cuidado de si), interage sinergicamente com um padrão recorrente de formação de parcerias afetivas, tornando o jovens mais vulneráveis ao HIV. Esse padrão preconiza a interação entre homens mais novos com homens mais velhos. Um encontro de idades/gerações marcado pela condição econômica  (o jovem que, em geral, tem menor condição econômica) e os significados de ser jovem (supostamente menor saber e com menores condições de negociar), que vão implicar em desigualdades de poder. A situação se torna ainda mais agravada quando os jovens se engajam em parcerias fixas. O amor romântico parece exigir a retirado das barreiras (de látex) do cotidiano sexual dos casais, e sem averiguação de condição sorológica dos parceiros. Um contexto que torna ambos, mais novos e mais velhos, mais suscetíveis ao HIV do ponto de vista social.