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Brasil busca nova estratégia para combater epidemia de AidsBrazil seeks new strategy to combat the AIDS

11/11/2013

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Muito antes de surgir os modelos de prevenção combinada, o Brasil já se diferenciava, defendendo o acesso universal ao tratamento como uma medida significativa para o controle da epidemia

Começar a ministrar o antiretroviral a grupos considerados de risco, mesmo antes de se contaminarem, a fim de prevenir a possível infecção pelo HIV. “A estratégia, que já vem sendo realizada no estado do Rio Grande do Sul/RS,, será utilizada em caráter de estudo, de efetividade, cujos dados poderão subsidiar a discussão sobre a aplicabilidade dessa ação no cenário de saúde pública brasileiro”, adianta o diretor do Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS), Fábio Mesquita, ao ponderar que o uso de antirretroviral tem se mostrado uma estratégia eficaz, pois reduz a infectividade e a circulação de vírus na população em geral, impactando na transmissão dentro grupos de risco acrescido e fora dele.

Investir na prevenção do HIV, a exemplo do quem tem sido feito no RS, é umas das metas do MS para enfrentar o problema, conforme atenta Mesquita. Para isso, a Pasta conta com recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão/ano. Do total, R$750 milhões são para aquisição de medicamentos, R$290 milhões são destinados à prevenção e diagnóstico e R$ 160 milhões para a gestão descentralizada – estados e municípios prioritários – que em geral aplicam a maior parte dos recursos na prevenção.

O diretor do Departamento de Aids do MS explica que em uma epidemia concentrada, como é a brasileira, os recursos para prevenção são destinados às ações voltadas a algumas populações prioritárias que apresentam prevalências muito superiores às observadas na população em geral. “A diretriz atual está orientada para a combinação de estratégias de prevenção, sejam elas baseadas na mudança do comportamento, no incentivo ao uso do preservativo e nas estratégias biomédicas”, ressalta ao apontar que a estabilidade alcançada e a redução da prevalência de 0,6% para 0,4% na população total é um indicativo de sucesso.

Reduzindo a prevalência
Ações voltadas para mudança de comportamento e práticas sexuais seguras; atividades de enfrentamento ao estigma e preconceito; ações de base comunitária voltadas para educação e desenvolvimento de conhecimento e atitudes saudáveis em relação à sexualidade e uso de drogas podem contribuir a baixar ainda mais a prevalência nas populações prioritárias.

Antirretroviral: pode ser a solução
Pesquisas com a profilaxia pré-exposição (PrEP) apontam que essa pode se constituir em uma medida estratégica para os grupos de risco acrescido, com exposição repetidas sem proteção, casais sorodiscordantes e indivíduos que não fazem uso do preservativo regularmente. “É uma medida de caráter seletivo, não extensível a toda população”, salienta Mesquita.

“Entretanto precisamos saber qual é a eficácia da profilaxia pré-exposição na realidade dos serviços de saúde”, afirma o diretor do Departamento de Aids do MS ao lembrar que, por isso, no RS esta estratégia será utilizada em caráter de estudo para medir a eficácia.

Atenção Primária
O RS tem apostado na Atenção Primária para acompanhar os pacientes em tratamento e, segundo Mesquita, em vários locais, a atenção básica apresenta ótima qualidade e seria capaz de realizar o manejo básico da infecção pelo HIV, contribuindo para o atendimento dos novos casos diagnosticados e a diminuição da demanda reprimida nos serviços especializados para Aids. “Estados e municípios têm autonomia e é fundamental que preparem sua rede de cuidado para absorver essa responsabilidade de forma processual e equacionada conforme a complexidade clínica das pessoas vivendo com HIV/Aids”, complementa.

Apesar de ativistas não concordarem que esse acompanhamento deva ser feito pela Atenção Primária, atestando que o tratamento pode sofrer prejuízo já que o paciente não terá que ir a um Centro Especializado, o diretor do Departamento de Aids do MS diz que há várias experiências mundiais e mesmo nacionais muito significativas que provam o contrário. Ele revela que a atenção básica realiza manejo em soropositivos estáveis clínica e imunologicamente em terapia antirretroviral de primeira linha. “Alguns serviços de atenção básica, como em Fortaleza, apresentam uma proporção de pacientes com carga viral indetectável maior de muitos Serviços de Atenção Especializada”, exemplifica.

Questionado sobre o Brasil sempre ter investido mais no tratamento em detrimento da prevenção, Mesquita defende que o País sempre adotou uma posição integrada entre prevenção e assistência. “Muito antes de surgir os modelos de prevenção combinada, tal como a conhecemos hoje, o Brasil já se diferenciava, defendendo o acesso universal ao tratamento como uma medida significativa para o controle da epidemia. Quando o mundo todo e a maioria dos países em desenvolvimento separavam prevenção da assistência, o Brasil seguia outro rumo”, comenta.

Mesquita reconhece que há uma saturação das estratégias convencionais no campo da prevenção e estas precisam estar combinadas às estratégias biomédicas para surtirem o efeito necessário em uma epidemia concentrada, já que nestas condições a prevenção é muito mais complexa e as populações muito mais difíceis de serem alcançadas.

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Long before combined prevention models came up, Brazil did different, defending universal access to treatment as a significant measure to control the epidemic

 

Start to administer antiretroviral to increased risk groups, even before they are infected, in order to prevent possible HIV infection. “The strategy, that is already being used in the state of Rio Grande do Sul, will be used as a study, of effectiveness, whose data will be able to reinforce the discussion on applicability of this action in the Brazilian public health scenario”, forwards the director of STDs, AIDS and Viral hepatitis from the Health Ministry (HM), Fabio Mesquita, while balancing that the use of retrovirals has shown to be an effective strategy, once they reduce the infectivity and the virus circulation in the general population, striking the transmission within the risk groups and outside of it.

Investing in HIV prevention, as has been done in Rio Grande do Sul, is one of the HM’s goals when facing the problem, as points Mesquita. For this, the government dedicated R$ 1,2 billion/year (approx. USD 540 million). From the total, R$ 750 million (USD 340 million) are for medication acquisition, R$ 290 million (USD 130 million) for prevention and diagnostic and R$ 160 million (USD 70 million) for the decentralized governments – priority states and cities – that generally apply most of the funds in prevention.

The director of the AIDS Department from the HM explains that in a concentrated epidemic, as is Brazil’s case, the resources for prevention are designated to actions towards some priority populations, whose prevalence are much higher than the average population. “The actual directive is oriented to combine the prevention strategies, whether they are based on behavioral changes or biomedical strategies”, highlights while pointing that the achieved stability and the prevalence reduction from 0.6% to 0.4% in the general population is a success indicator.

Reducing the prevalence
Actions towards behavioral changes and safe sex; stigma and prejudice combat actions; community basis actions towards education and knowledge development and healthy acts regarding sexuality and drug abuse can contribute and lower the prevalence in priority populations even more.

Antiretroviral: this can be the solution
Pre-exposition prophylaxis researches (PEPR) show that this can become a strategic action for increased risk groups, with repeated non protected exposition, discordant couples and individuals who do not use protection regularly. “It is a selective measure, not extensible to all the population”, says Mesquita.

“However we need to know how effective pre-exposition prophylaxis is in the health services reality”, affirms the director of the AIDS Department from the HM while remembering that for this reason, in Rio Grande do Sul this strategy is being tested as a study to measure its efficiency.

 

Primary Attention
Rio Grande do Sul uses Primary Attention to follow patients being treated and, according to Mesquita, in several places, the basic attention presents great quality and would be able to do the basic HIV infection management, contributing to new diagnosed cases attention and reduction of the repressed demand in AIDS specialized services. “States and cities are autonomous and it is fundamental that they carefully prepare their attention networks in order to absorb this responsibility procedurally and equated according to the clinical complexity of people living with HIV/AIDS”, he complements.

Regardless of activists not agreeing that this care should be done by the Primary Attention, attesting that the treatment could be prejudiced once the patient will not have to attend a Specialized Center, the director of the Aids Department from the HM days that there are several worldwide experiences and even significant national experiences that prove that to be wrong. He says that basic attention manages clinically and immunologically stable HIV positive patients with leading antiretrovirals. “Some basic attention services, as in Fortaleza, present a proportion of undetectable viral load larger than many Especialized Attention Services”, exemplifies.

Questioned about Brazil investing more in treatment rather than in prevention, Mesquita defends that the Country’s policy has always integrated prevention and assistance. “Long before combined prevention models came up, as we know today, Brazil did different, defending universal access to treatment as a significant measure to control the epidemic. When the whole world and most of the developing countries separated prevention from assistance, Brazil walked the other way”, comments.

Mesquita recognizes that there is a conventional strategy saturation in the prevention field and that these need to be combined to biomedical strategies in order to produce the necessary effect in a concentrated epidemic, since in these conditions the prevention is much more complex and reaching the populations is more difficult.