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Falta de diagnóstico favorece mutação do vírus da hepatite B em países tropicais Lack of diagnostics favors hepatitis B vi

09/12/2013

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A doença pode ser erradicada por meio da vacinação. A campanha que precisa ser feita é para que toda a população seja vacinada, pois hoje ela é recomendada até os 50 anos

Hoje a maioria dos pacientes diagnosticados tem a mutante do vírus da hepatite B (VHB), conforme assegura Dr. Marcelo Simão Ferreira, professor titular de infectologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ao comentar a matéria divulgada na mídia internacional que aponta a identificação de mutações do VHB em homens coreanos.

“O vírus depois de inativo volta a se multiplicar no indivíduo muitos anos depois, porque ele adquiriu a mutação e readquiriu a capacidade de se multiplicar novamente”, explica o especialista ao afirmar que esta não é uma realidade apenas entre os homens coreanos, citando como exemplos o Brasil e o sul da Europa – onde 90% dos casos têm registro de mutação. “A mutante é mais virulenta e leva à cirrose mais rapidamente. A mutação acelera a evolução da doença. Não tem como preveni-la, mas há tratamento”, diz.

Entretanto, engana-se quem pensa que a hepatite B é um problema de países pobres ou tropicais. Transmitida por meio da corrente sanguínea ou do ato sexual, o presidente da SBI atenta que a diferença nessas localidades é a falta de diagnóstico para identificação e tratamento da doença. “No Brasil, a hepatite B é um problema de saúde pública porque se diagnostica pouco, ela é negligenciada. Os médicos não sabem pedir os marcadores para diagnosticá-la. Além disso, grande parte não tem conhecimento adequado da doença e há negligencia na vacinação”, observa ao ponderar que como apenas 5% a 6% dos casos evoluem para a forma crônica, a maioria não se preocupa com a prevenção.

Dr. Simão garante que com a intensificação da vacinação a doença tem apresentado queda em países que apostam na imunização, como o Brasil. “O problema é que temos muitos portadores crônicos. São indivíduos que portam o vírus toda a vida, infectaram-se há muitos anos, e não descobriram porque é completamente assintomática”, revela ao adiantar que muitas vezes a pessoa só vai apresentar sintomas quando estiver em fase avançada da doença. “A campanha que precisa ser feita é para toda população se vacinar, pois hoje a vacina é recomendada até os 50 anos de idade”, ressalta ao lembrar que se trata de uma doença que pode ser erradicada por meio da vacinação.

 

Propensos de mutação
“Não existem indivíduos com maior propensão de apresentar a mutação. Mas, calcula-se que, mais ou menos, 30% daqueles considerados inativos – têm o vírus e não está replicando no organismo –, nos próximos oito anos, vão desenvolver alguma mutação”, antecipa Dr. Simão ao destacar que a vacina previne todas as formas de hepatite B, inclusive a mutante. O especialista relata que a maioria das pessoas contaminadas é do sexo masculino, mas não se tem uma explicação exata. “A hepatite B é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST), que também pode ser adquirida devido ao vício em drogas”, adverte ao acrescentar que o uso de drogas injetáveis caiu, dando lugar ao crack.

Cenário da doença
Considerada a mais perigosa das hepatites, o tipo B é uma das principais doenças do mundo, estimando-se, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), que existam 350 milhões de portadores crônicos do vírus. Estes portadores podem desenvolver doenças hepáticas graves, como cirrose e cancro no fígado, patologias que matam cerca de um milhão de pessoas por ano em todo o planeta. “Muitos pacientes não são diagnosticados crônicos e, sim, quando já estão com cirrose ou câncer no fígado. Duas consequências da hepatite B”, atenta Dr. Simão.

A doença tem causado epidemias em regiões da Ásia, África, norte da América do Norte e América do Sul.

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The disease can be erradicated with vaccination. The campaign we need aims to vaccinate all the population, because today, the vaccination is only recommended for those above 50 years old

Most patients diagnosed nowadays have the mutante of the hepatitis B virus (VHB), as assures Dr. Marcelo Simao Ferreira, infectology professor from the Uberlandia Federal University (UFU) and president of the Brazilian Society of Infectology (SBI) while commenting the article released in the international media that points VHB’s mutation identification among Korean men.

“Years after inactive, the virus returns to multiply in the individual because it mutated and reacquired the ability to multiply again”, explains the specialist while affirming this reality is not restricted to Korean men, listing as examples Brazil and the South of Europe – where 90% of the cases are related to mutations. “The mutant is more virulent and leads to cirrhosis more rapidly. The mutation speeds the disease’s evolution. There is no way to prevent it, but there is treatment”, says.

However, who thinks hepatitis B is a problem only in poor or tropical countries is wrong. Since the disease is transmitted by blood current or sexual act, the president of the SBI warns that the difference in these places is the lack of diagnostics for identification and treatment. “Hepatitis B is a health problem in Brazil because it is little diagnosed, it is neglected. The doctors don’t know how to require markers for diagnostic. Besides, great part does not have adequate knowledge of the disease, and there is vaccination negligence”, observes while pondering that since only 5% to 6% of the cases evolve to chronic forms, most people don’t bother preventing.

Dr. Simao assures that with vaccination intensification the diseases levels have dropped in countries betting in immunization, as Brazil. “The problem is that we have many chronic carriers. These individuals will carry the virus all their lives, they were infected many years ago, and never found because the diseases is completely asymptomatic”, reveals while forwarding that many times the symptoms only reveal once the disease is in an advanced stage. “The campaign we need aims to vaccinate all the population, because today, the vaccination is only recommended for those above 50 years old”, stresses while remembering that this disease could be eradicated through vaccination.

Likely to mutate
“There are no individuals more likely to present mutation. But, it is estimated that about 30% of those considered inactive – carry the virus and it is not replicating in the organism – in the next eight years will develop some kind of mutation”, forwards Dr. Simao when pointing that the vaccine prevents from all variants of hepatitis B, including the mutant. The specialist reports that most contaminated people are males, but there is no exact explanation. “Hepatitis B is a STD, that can also be acquired due to drug addiction”, adverts while adding that the use of injectable drugs has decreased, giving more space for crack cocaine.

The disease’s scenario
Considered as the most dangerous out of all hepatitis, the type B is one of the main diseases in the world, estimated, according to the World Health Organization (WHO), there are 350 million chronic carriers of the virus. These carriers can develop severe hepatic diseases, such as cirrhosis or liver cancer. Two consequences of hepatitis B”, warns Dr. Simao.

The disease has caused epidemics in regions of ÁsiaÁfrica and north of North America and South America.