Notícias

Países tropicais: personalidade da Medicina 2013 aponta pobreza e educação como desafiosTropical countries: 2013 Medical personality points poverty and education as challenges

A medicina nos países tropicais não é mais difícil que nos outros.Medicine in tropical countries is not more difficul that in others.

18/01/2014

foto1

Além da pobreza e da corrupção, alguns países tropicais, como o Brasil, não levam a sério a educação básica e, em consequência, tem uma saúde pública de péssima qualidade e um IDH vergonhoso

“A medicina nos países tropicais não é mais difícil que nos outros. O grande problema de alguns países tropicais é a pobreza – não é o caso do Brasil, que é basicamente rico, 7ª economia mundial”. A afirmativa é do Dr. José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ). Na visão do especialista, recém-agraciado com o Prêmio Conrado Wessel “Personalidade da Medicina 2013”, a grande questão é que além da pobreza e da corrupção, alguns países tropicais, como o Brasil, não levam a sério a educação básica e, em consequência, tem uma saúde pública de péssima qualidade e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vergonhoso.

Na avaliação do Dr. Coura o maior desafio que enfrentou como médico foi trabalhar, com dignidade e competência, em uma Nação que não leva com seriedade a saúde e a educação básica, onde a propaganda política supera os limites da realidade e a corrupção ultrapassa as fronteiras de sua riqueza. A reflexão do pesquisador é baseada em sua vasta experiência profissional, que atuando há 36 anos como professor universitário formou milhares de médicos e pelo menos duas centenas de mestres e doutores, que povoam o Brasil de Norte a Sul e de Leste a Oeste.

Dr. Coura lembra que como pesquisador trabalhou com as principais endemias brasileiras, entre as quais Doença de Chagas, esquistossomose e outras helmintíases. “Orientei numerosos doutores, hoje professores universitários como eu. Publiquei mais de 250 trabalhos em revistas indexadas nacionais e internacionais e seis livros, entre eles “Dinâmica das Doenças Infecciosas e Parasitárias”, cuja 2ª Edição, com 174 capítulos, fiz com a colaboração de 302 pesquisadores, 50 dos quais foram meus alunos”, realça ao destacar que esse livro, em sua 1ª edição de 2005, ganhou o Prêmio Jabuti 2006, como melhor obra na área médica naquele ano.

Prêmio Conrado Wessel é reconhecimento
Para Dr. Coura, o prêmio simboliza o coroamento de uma carreira de 53 anos como professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador Emérito da Fiocruz.

“Realmente não esperava receber esse prêmio, mas creio que foi a consequência do meu trabalho por mais de meio século. Acredito que a escolha do meu nome, entre 10 outros candidatos de alto nível, foi em decorrência da minha dedicação ao ensino da medicina e à pesquisa das doenças parasitárias de grande impacto na saúde pública brasileira”, avalia ao revelar que escolheu a medicina pela visão social que a profissão dá e que, segundo o especialista, possibilita ser um “benfeitor da humanidade”.

Membro das academias Nacional de Medicina e da Brasileira de Ciências, Dr. Coura, em 2002, foi agraciado com o grau de comendador da Ordem Científica da Presidência da República, promovido ao grau de Grã-Cruz em 2008. Atualmente, dedica-se à pesquisa e ao ensino de pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias, bem como à Medicina Tropical no Instituto Oswaldo Cruz.

foto1

Besides poverty and corruption, some tropical countries, as Brazil, do not take basic education seriously and, thus, have an awful quality public health and an embarrassing HDI

“Medicine in tropical countries is not more difficul that in others. The great problem of some countries’ is poverty – this is not Brazil’s case, which is basically rich, it is the 7th economy in the world”. The affirmative comes from Dr. Jose Rodrigues Coura, chief of the Parasitary Diseases Laboratory from the Oswaldo Cruz Institute (Fiocruz/RJ). For the specialist, recently granted with the Conrado Wessel Prize “Medical Personality of 2013”, the great problem is that besides poverty and corruption, some tropical countries, as Brazil, do not take basic education seriously and, thus, have an awful quality public health and an embarrassing Human Development Index (HDI).

In Dr. Coura’s evaluation the greatest challenge he faced as a doctor was working, with dignity and competence, in a nation where health and basic education are not taken seriously, where political advertising overcomes reality and corruption surpasses the borders of its wealth. The researcher’s reflection is based in his large experience, acting as an university professor for 36 years, graduating thousands of doctors and at least 200 MScs and PhDs, inhabiting Brazil from north to south and from east to west.

Dr. Coura remembers that as a researcher he worked with Brazil’s main endemics, among them Chagas Disease, schistosomiasis and other helminthiasis. “I oriented numerous PhDs, today college professors as myself. I published over 250 articles in national and international indexed journals, and six books, among them “Dynamic of Infectious and Parasitary Diseases”, which’s 2nd edition, with 174 chapters, was achieved with the collaboration of 302 researchers, 50 of which were my students”, stresses while pointing that this book, in its 1st edition was awarded with the 2006 Jabuti Prize, as the best medical publication of the year.

Conrado Wessel prize is recognition
For Dr. Coura, the prize symbolizes the crowning of a 53 years career as an emeritus professor from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) and emeritus researcher from Fiocruz.

“I really did not expect to receive this award, but I believe it was a consequence of over half a century of work. I believe my name was chosen among other 10 high level candidates due to my dedication to the medical academy and to research in diseases with high impact in Brazilian public health”, evaluates while revealing that the medical career was chosen because of the profession’s social visibility and that, according to the specialist, allows one to be a “humanity benefactor”.

Para Dr. Coura, o prêmio simboliza o coroamento de uma carreira de 53 anos como professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador Emérito da Fiocruz.

“Member of the National Medical Academy and Brazilian Science Academy, Dr. Coura was rewarded in 2002 with the Scientific Order Commentator Degree by the Presidency of the Republic, promoted to the degree of Grã-Cruz (Grand Cross) in 2008. Currently, Dr. Coura is dedicated to research and Infectious and Parasitary Diseases post-graduation teaching, as well as to the Tropical Medicine in the Oswaldo Cruz Institute.